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Contas públicas

Ciro Nogueira acusa governo de “traição” por possibilidade de não zerar déficit em 2024

Ciro Nogueira
Presidente do PP criticou governo Lula por possibilidade de não cumprir meta fiscal, embora partido tenha aderido à base. (Foto: Pedro França/Agência Senado)

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O senador Ciro Nogueira (PP-PI) acusou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “traição com o Brasil” por admitir a possibilidade de que não deve cumprir a promessa de zerar o déficit das contas públicas em 2024.

Em uma nota publicada na terça (31), o senador afirma que o governo escolheu “caminhos tortuosos”, questionando a seriedade fiscal do Executivo. Ciro Nogueira mencionou a promulgação da Lei do Marco Fiscal que, após apenas dois meses, o presidente da República "desacreditou publicamente" sem discussão prévia com o Congresso.

“Tanto a Câmara quanto o Senado acreditaram na seriedade fiscal apresentada pelo Governo quando da tramitação do novo Marco Fiscal”, disse.

A Lei do Marco Fiscal havia sido aprovada, diz, com uma cláusula que descriminalizava o descumprimento da meta fiscal. No entanto, o senador enfatizou que isso não significava um cheque em branco para o Executivo desrespeitar as metas fiscais de forma arbitrária, classificando essa atitude como falta de responsabilidade fiscal e um mau exemplo para os governantes locais.

Ciro Nogueira também destacou que o Ministro da Fazenda, que anteriormente criticava o teto de gastos, agora não cumpre o compromisso feito durante a aprovação do novo Marco Fiscal. A não conformidade com as metas fiscais propostas pelo próprio governo levanta dúvidas sobre a condução da política fiscal do país.

“Não cumprir a meta fiscal, que o próprio Governo propôs, além de desrespeitar as duas Casas Legislativas que discutiram e aprovaram o marco fiscal, é também colocar em dúvida a condução da política fiscal do país. Isso é muito grave”, ressaltou

O senador também criticou o governo por comunicar a alteração das metas fiscais à imprensa em vez de abordar o tema no Congresso, afirmando que houve uma falta de respeito pela atuação legislativa. Ele expressou indignação e acusou o governo de trair a população quando precisa do apoio do Congresso e quando julga que não precisa mais dele.

A crítica do senador, que também preside o partido, ocorre num momento em que a legenda aderiu à base governista com a nomeação do deputado federal André Fufuca (PP-MA) para o comando do Ministério do Esporte e do economista Carlos Antônio Vieira Fernandes para a presidência da Caixa Econômica Federal, no mês passado.

Fernandes foi indicado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para o partido votar com o governo no Legislativo.

O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, tentou acalmar o mercado financeiro na segunda (30) dizendo não há um “descompromisso” do presidente com a situação das contas públicas, após Lula afirmar, na semana passada, que “dificilmente” o resultado primário zero será alcançado.

“Até porque eu não quero fazer cortes em investimentos. Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo um corte de bilhões nas obras”, justificou Lula.

Haddad respondeu dizendo que seu papel é “buscar o equilíbrio fiscal porque acredito que o Brasil precisa voltar a olhar para as contas públicas. Eu vou buscar equilíbrio fiscal de todas as formas justas e necessárias. A minha meta está mantida”.

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