Região Oeste
Cascavel espera contraproposta
Luiz Carlos da Cruz, correspondente
Em Cascavel, no Oeste do Paraná, os quatro cirurgiões cardiovasculares que fazem parte da Unimed da região encaminharam na semana passada o pedido de desligamento da operadora. De acordo com o presidente da Unimed local, Luiz Sérgio Fettback, uma negociação está em andamento para tentar reverter a situação. Na última sexta-feira houve uma reunião com os médicos que ficaram de encaminhar uma proposta, mas até ontem a Unimed não havia recebido o documento.
Para Fettback, elevar os valores pagos apenas para uma especialidade seria injusto com os demais profissionais. "Será que isso [os procedimentos cardiovasculares] vale mais que um pediatra que salva a vida de uma criança ou um clínico geral que trata a dor de uma pessoa?", questiona. Em Cascavel, os cirurgiões cardíacos realizam, em média, dez procedimentos por semana.
Acordo
Fundação Copel dará reajuste real
A Associação Médica do Paraná (AMP) e outras entidades que representam a classe assinam hoje à tarde um termo de compromisso com a Fundação Copel que prevê reajuste real no valor das consultas e honorários pagos pela operadora. A Fundação não quis adiantar os novos valores, mas o acordo de abrangência estadual deve ter os maiores honorários do Brasil desde a intensificação do movimento nacional da categoria por melhores remunerações, desde 2009.
O acordo surge do trabalho de seis meses de um grupo de estudos montado entre a AMP e a Fundação Copel. O plano deve estimular a educação continuada dos profissionais credenciados, a análise epidemiológica dos problemas de saúde mais comuns entre os usuários da operadora e a elaboração de programas de medicina preventiva para essas doenças.
Os 18 cirurgiões cardiovasculares que solicitaram desligamento de dez das 22 Unimeds do Paraná entre dezembro de 2011 e a semana passada estão próximos de um acordo com a operadora do plano de saúde. É o que diz o presidente da Cooperativa dos Cirurgiões Cardiovasculares do Paraná (CoopCárdio-PR), Marcelo Ferraz de Freitas. Segundo ele, já ocorreram reuniões entre representantes da entidade e as singulares de Ponta Grossa, Londrina e Cascavel, e em Curitiba um encontro na tarde de hoje pode pôr fim ao impasse em torno do reajuste dos honorários da especialidade. "Esse encontro poderá deixar essa discussão sobre o aumento dos honorários bem próxima do fim", aposta.
Freitas revela que houve pré-disposição por parte das Unimeds em rever o aumento do pagamento dos honorários dos médicos. De acordo com a CoopCárdio-PR, a maior parte das singulares paga uma média de R$ 1,3 mil a R$ 1,8 mil por procedimento, enquanto que o valor ideal, segundo o que preconiza a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, é de cerca de R$ 15 mil para uma equipe que envolve de três a quatro pessoas, normalmente.
O presidente da CoopCárdio-PR afirma que os valores de reajuste ainda não foram definidos. "Mas nós já sabemos que essa quantia de R$ 1,3 mil não vai continuar. Os honorários serão maiores", salienta o presidente da entidade. A última proposta da Unimed Curitiba foi de pagar entre R$ 5 mil e R$ 10 mil. A contraproposta da CoopCárdio foi de R$ 7,5 mil, com aumento escalonado até cerca de R$ 15 mil.
A Unimed Curitiba, via assessoria de imprensa, disse que está negociando diretamente com os 55 médicos da especialidade cooperados e não com a CoopCárdio-PR. O operadora também acredita que um acordo bom para ambas as partes esteja próximo.
Em Ponta Grossa, onde os quatro cirurgiões cardiovasculares vinculados à operadora pediram desligamento, a singular da Unimed solicitou um prazo máximo de 45 dias para um acordo. "Estamos buscando um acordo bilateral. Não queremos prejudicar os médicos. A solicitação de desligamento desses profissionais ainda não foi acatada. Tivemos uma conversa recente com a CoopCárdio-PR e acreditamos que tudo será resolvido", diz o diretor de Mercado e Desenvolvimento da Unimed Ponta Grossa, Nilson Roberto Santana. Ele afirma que durante esse período os usuários do plano permanecem sendo atendidos normalmente.
Em Maringá, onde dois dos cinco médicos da especialidade pediram para sair, as negociações também foram retomadas. Contudo, o cirurgião cardiovascular Aldo Pesarini, que possui clínicas em Maringá e Umuarama, disse que os honorários pagos pela Unimed da região equivalem à metade do valor pago pelo SUS (cerca de R$ 2,8 mil) e por isso vai sair do convênio. "Temos custos altíssimos e o valor pago pela Unimed é muito baixo. Tem casos em que precisamos até tirar dinheiro do bolso para pagar o Imposto de Renda. É inviável", reclama Pesarini.
Londrina refuta valores divulgados pela CoopCárdio-PR
A Unimed Londrina, por meio de uma nota oficial, contestou os valores que a CoopCárdio-PR têm divulgado como a média dos honorários pagos aos cirurgiões cardiovasculares: entre R$ 1,3 mil e R$ 1,8 mil por procedimento. Segundo a nota, o pagamento à equipe de cirurgia cardiovascular na região de Londrina por uma cirurgia de revascularização do miocárdio, uma das mais comuns do segmento, é de R$ 3,4 mil a R$ 6,8 mil. "Ao mesmo tempo, o SUS repassa à mesma equipe R$ 2,8 mil e o valor exigido pela Coopcárdio-PR vai de R$ 12 mil a R$ 18 mil conforme o contrato do cliente. A Unimed Londrina ainda espera manter diretamente com seus cooperados uma negociação justa, buscando a melhor remuneração possível", diz a nota.
No entanto, o médico Alexandre Noboru Murakami, cirurgião cardiovascular em Londrina, e outros quatro colegas já pediram o desligamento da singular. A Unimed teria solicitado que os médicos permanecessem até o fim de janeiro.
"O usuário que precisar pode contar com os profissionais de Londrina, ninguém ficará sem atendimento. Vamos realizar o procedimento que o paciente necessitar e depois reivindicamos da Unimed judicialmente", explica Murakami.
O médico afirma que realiza aproximadamente quatro cirurgias por semana, cerca de 16 por mês. E que recebe da Unimed entre R$ 1,5 mil aR$ 2,5 mil por procedimento para toda a equipe. "A equipe recebe a quantia que precisa ser repassada para três auxiliares, e mais um médico, umas quatro ou cinco pessoas envolvidas. Desse valor ainda tem de deduzir 27,5% do valor do imposto. Outros convênios pagam, em média, R$ 10 mil", ressalta.
Colaboraram Fábio Guillen, da Gazeta Maringá, e Suzan Cruz, do Jornal de Londrina.
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