O Citigroup anunciou ontem que demitirá 52 mil funcionários devido à crise financeira, o que representa 15% dos 375 mil empregados da empresa em todo o mundo. O corte pode atingir o Brasil, onde o grupo emprega 6 mil pessoas e não descarta a necessidade de dispensas. De acordo com a assessoria de imprensa do Citibank no país, a redução de custos é um "esforço global" e ainda não há dados sobre o que ocorrerá com a operação brasileira.
Segundo especialistas no setor, se houver um ajuste no Citibank no Brasil, ele será pequeno. Também é pouco provável que os cortes se alastrem pelo setor bancário do país. Na sexta-feira, o HSBC demitiu pouco menos de 100 funcionários no Rio de Janeiro, mas a ação não tem relação com a crise financeira. O banco britânico remanejou algumas operações do Rio para São Paulo e Curitiba.
"O Citibank deve seguir no Brasil a tendência local, que é de expansão menor em 2009, sem a necessidade de redução profunda na folha de pagamentos", afirma o analista do setor bancário João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho & Associados. Segundo ele, o Citi vinha investindo no aumento de seu braço financeiro, que hoje conta com 134 lojas. A companhia tem ainda 110 agências que atuam nos segmentos corporativo e de alta renda (private). "Pode ser que fechem algumas lojas da financeira ou agências, mas pouco se comparado ao que vão fazer nos Estados Unidos. Só não podemos descartar que a matriz decida vender a operação brasileira para fazer caixa", diz Salles.
Para o economista Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, o sistema bancário brasileiro já passou por uma fase de enxugamento e não há o risco de demissões em massa. O Citibank seria um caso isolado. "Os bancos grandes são lucrativos. Podem investir um pouco menos em 2009 e fazer alguns ajustes no caso de fusões e aquisições", afirma. No caso da fusão Itaú-Unibanco e da aquisição da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil, há sobreposições, como agências próximas, que terão de ser eliminadas no futuro. "No longo prazo, a perspectiva é de crescimento, com mais agências e funcionários."
HSBC
Na última sexta-feira, o HSBC dispensou cerca de 100 funcionários da área de suporte administrativo de seu escritório no Rio de Janeiro. Segundo a companhia, as demissões ocorreram porque o banco tem transferido serviços de abertura e manutenção de contas para os centros de serviços de Curitiba e São Paulo. Não há, portanto, relação com a crise financeira. Outros 120 funcionários das áreas fechadas foram transferidos para atividades dentro da instituição.
O diretor da Confederação Nacional de Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Sérgio Siqueira, confirma que o corte no Rio foi um ajuste pontual. "O que ocorreu no HSBC foi o fechamento de setores que não eram mais necessários. A crise por enquanto não vai levar a demissões no Brasil." A preocupação entre os trabalhadores é maior com os efeitos das fusões e aquisições. O presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Otávio Dias, diz que ainda espera um compromisso formal de Itaú e Unibanco de que não haverá demissões. "Por experiência, sabemos que a concentração do setor provoca cortes."
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