A recessão não poupou nem o topo da pirâmide social. A classe A, que reúne os mais ricos, foi a que mais perdeu dinheiro nos últimos dois anos.
Em 2016, a renda total desse grupo foi de R$ 1,326 trilhão, cerca de R$ 85 bilhões a menos que em 2014. Em termos relativos, a queda foi de 6%. As estimativas são de um estudo da consultoria Tendências baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE.
Pelos critérios do estudo, as famílias da classe A são as que ganham mais de R$ 16.263 por mês, em valores de dezembro de 2015. Com a crise, muitas acabaram “rebaixadas” para a classe B ou estratos mais baixos. Segundo a Tendências, nos últimos dois anos 475 mil famílias deixaram o grupo mais rico, que terminou 2016 com cerca de 2,2 milhões de famílias.
“Em períodos de recessão econômica, a massa de renda das famílias da classe A tende a mostrar pior desempenho”, afirma o estudo. “Uma das justificativas é a maior concentração de empregadores no estrato mais alto, com renda atrelada à lucratividade de suas empresas, de modo que tendem a sentir de forma mais rápida e aguda o ciclo econômico que os trabalhadores com carteira, por exemplo.”
Com rendimentos menos afetados pela crise, o contingente de funcionários públicos que faz parte da classe A atenuou o efeito negativo provocado pela perda de faturamento dos empresários. Mas não o suficiente para evitar o achatamento da camada mais rica.
A classe B também ficou menor. Com quase 1,2 milhão de famílias a menos, a soma dos rendimentos encolheu cerca de R$ 19 bilhões, ou 2%, de 2014 para cá.
No mesmo período, 640 mil famílias deixaram a classe C. Com isso, a massa de renda desse estrato diminuiu R$ 12,9 bilhões, ou 1,5%, segundo o estudo.
Base mais larga
Apenas a base da pirâmide cresceu na recessão. A chegada de pessoas que caíram das camadas de cima e o surgimento de novas famílias “engordou” a massa de renda das classes D e E em 7,9%, ou R$ 45,7 bilhões.
Entre 2015 e 2016, quase 4,4 milhões de famílias ingressaram na faixa mais pobre da população, estima a Tendências. Bem mais do que as 3,3 milhões que haviam subido à “nova classe média” no intervalo de 2006 a 2012.