Classe A perdeu 475 mil famílias em dois anos, o que reduziu a renda total do grupo. Mas quem se segurou lá em cima está mais rico.| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

A recessão não poupou nem o topo da pirâmide social. A classe A, que reúne os mais ricos, foi a que mais perdeu dinheiro nos últimos dois anos.

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Em 2016, a renda total desse grupo foi de R$ 1,326 trilhão, cerca de R$ 85 bilhões a menos que em 2014. Em termos relativos, a queda foi de 6%. As estimativas são de um estudo da consultoria Tendências baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE.

INFOGRÁFICO: Não está fácil para ninguém

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Pelos critérios do estudo, as famílias da classe A são as que ganham mais de R$ 16.263 por mês, em valores de dezembro de 2015. Com a crise, muitas acabaram “rebaixadas” para a classe B ou estratos mais baixos. Segundo a Tendências, nos últimos dois anos 475 mil famílias deixaram o grupo mais rico, que terminou 2016 com cerca de 2,2 milhões de famílias.

“Em períodos de recessão econômica, a massa de renda das famílias da classe A tende a mostrar pior desempenho”, afirma o estudo. “Uma das justificativas é a maior concentração de empregadores no estrato mais alto, com renda atrelada à lucratividade de suas empresas, de modo que tendem a sentir de forma mais rápida e aguda o ciclo econômico que os trabalhadores com carteira, por exemplo.”

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Com rendimentos menos afetados pela crise, o contingente de funcionários públicos que faz parte da classe A atenuou o efeito negativo provocado pela perda de faturamento dos empresários. Mas não o suficiente para evitar o achatamento da camada mais rica.

A classe B também ficou menor. Com quase 1,2 milhão de famílias a menos, a soma dos rendimentos encolheu cerca de R$ 19 bilhões, ou 2%, de 2014 para cá.

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No mesmo período, 640 mil famílias deixaram a classe C. Com isso, a massa de renda desse estrato diminuiu R$ 12,9 bilhões, ou 1,5%, segundo o estudo.

Base mais larga

Apenas a base da pirâmide cresceu na recessão. A chegada de pessoas que caíram das camadas de cima e o surgimento de novas famílias “engordou” a massa de renda das classes D e E em 7,9%, ou R$ 45,7 bilhões.

Entre 2015 e 2016, quase 4,4 milhões de famílias ingressaram na faixa mais pobre da população, estima a Tendências. Bem mais do que as 3,3 milhões que haviam subido à “nova classe média” no intervalo de 2006 a 2012.

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Quem se segurou no topo está mais rico. E a base ficou mais pobre

Embora em seu conjunto a classe A esteja ganhando menos, principalmente por ter perdido muitos integrantes, a renda média de cada núcleo familiar que permaneceu no topo da pirâmide aumentou. Era de R$ 527 mil por ano em 2014 e subiu para R$ 602 mil no ano passado.

Parte dessa alta é consequência do enriquecimento dos que se seguraram no grupo dos mais ricos. Mas parte dela pode estar ligada a um efeito estatístico. Isso porque muitas das famílias que caíram para camadas menos abastadas provavelmente estavam entre as “menos ricas” da classe A, e puxavam a média para baixo. Com a saída delas, essa média naturalmente subiu.

Abismo

Em compensação, a renda média anual das famílias das classes D e E, que era de R$ 15.795 em 2014, baixou a R$ 15.226. O abismo que separa ricos e pobres, portanto, aumentou. Antes, uma família da classe A ganhava, em média, o mesmo que 33 famílias das classes D e E. Em 2016, a renda média dos mais ricos correspondeu a 40 vezes a dos mais pobres.