A classe C, que já tem celular, está comprando agora seu primeiro computador. Uma combinação de fatores favoráveis fez com que as vendas de PCs populares deslanchassem no país, segundo uma reportagem publicada na edição desta terça-feira do jornal "Valor".
Na Casas Bahia e no Wal-Mart, o número de peças vendidas no primeiro quadrimestre cresceu mais de 200% em comparação com igual período de 2005. No grupo Pão de Açúcar, a seção de informática é uma das que mais se destacam, com expansão da receita em torno de 40%. No Carrefour, as vendas de PCs também aumentaram 40% este ano.
Entre os fatores que ajudaram a expandir o consumo estão a desvalorização do dólar e a entrada em vigor da "MP do Bem", que desde o ano passado isentou de PIS e Cofins os computadores até R$ 2,5 mil e notebooks até R$ 3 mil. O câmbio e a menor carga tributária permitiram que os fabricantes reduzissem os preços em mais de 30%, diz a reportagem.
O alongamento dos prazos de pagamento também fez com que as prestações coubessem no bolso da classe C. Hoje é possível comprar um equipamento em 24 parcelas de R$ 60 por mês, de acordo com o "Valor".
As grandes varejistas começaram a oferecer, por conta própria, condições de crédito semelhantes ou até melhores do que as oferecidas na linha criada pelo BNDES, dentro do programa do governo federal Computador para Todos. No fim do ano passado, o banco estatal começou a repassar financiamento para a aquisição de PCs populares em 24 vezes com taxa de juros de 1,99% ao mês.
A diminuição da carga tributária produziu ainda outro efeito positivo, tanto para a indústria quanto para o varejo: a redução do chamado mercado cinza - computadores feitos com peças contrabandeadas e softwares piratas. A participação desses equipamentos nas vendas totais caíram de 74% no fim de 2004 para 57% no primeiro trimestre deste ano, conta a reportagem.