Pela porta das grandes redes varejistas do país, a classe C brasileira começa a ter acesso ao mercado de seguros e planos de assistência produtos até pouco tempo restritos ao orçamentos das classes A e B. E, assim, abrem uma enorme oportunidade para corretoras e segurados. Neste segmento dos chamados seguros massificados, só as mensalidades têm números modestos: partem de R$ 2 ou R$ 3 por mês. Nos resultados e nas projeções, eles são milionários.
Não existem estatísticas oficiais específicas do segmento, mas a estimativa do mercado é de que ele movimente cerca de R$ 1 bilhão em prêmios neste ano, algo em torno de 20% a mais do que ano passado.
Calcula-se que sejam vendidos mais de 10 milhões de seguros todos os meses nas grandes redes varejistas do país praticamente todas elas já têm parceria para oferecer produtos como assistência residencial, garantia estendida ou seguro para quitação de dívida em caso de perda de emprego.
"O segmento de massificados é a bola da vez das seguradoras. Elas perceberam que há uma quantidade enorme de brasileiros entrantes nessa classe social, que agora podem consumir inclusive seguros", diz o diretor da Classic Corretora, Rubens Nogueira Filho. A empresa é hoje uma das maiores do mercado neste segmento, e tem parceria hoje com 16 redes a maior delas é a Riachuelo, com mais de 18 milhões de clientes. Segundo Nogueira Filho, mais de 6 milhões de pessoas já compraram algum tipo de seguro ou assistência da Classic.
A parceria com as redes varejistas, diz o diretor, ajudou as empresas do setor a resolverem uma equação fundamental: oferecer produtos com preço baixo, de forma fácil, mas com qualidade.
Para o diretor de marketing da Assurant Seguros, Carlos Elias Simão, os brasileiros ainda passam por um "aculturamento" em relação aos seguros, e por isso, este segmento do mercado ainda tem muito para crescer. "O crescimento econômico e o acesso a mais crédito, e mais barato, está levando mais gente ao consumo. E isso casou muito bem com o nosso mercado", diz. Segundo o executivo, os produtos da Assurant são vendidos hoje em 2,5 mil pontos de venda, entre redes varejistas e supermercados.
Simão diz que a seguradora vende hoje entre 4 e 5 milhões de novos seguros por mês, com preços a partir de R$ 4. "Estamos crescendo entre 20% e 25% ao ano. O crescimento do varejo tem sido extremamente salutar para o nosso negócio."
Pequenos e médios
Apesar de praticamente todas as grandes redes do país já terem parceria com segurados, Nogueira Filho, da Classic, diz que há um novo, e grande, nicho a ser explorado nas redes de médio e pequeno porte com atuação regional. "Fizemos um levantamento e localizamos 420 varejistas de todo país como parceiros em potencial."
Os seguros massificados podem ou não ter relação com os produtos vendidos nas lojas e com a experiência de compra naquele momento. A Centauro, rede especializada em artigos esportivos, passou a oferecer em janeiro apólices que protegem os esportistas contra acidentes pessoais com valores a partir de R$ 1,99. A rede oferece o produto em parceria com a Assurant, e pretende vender 1,5 milhão de seguros em 12 meses, e já faz planos para oferecer, também via parceria, garantia estendida para tênis e equipamentos.