Moradores das favelas são mais otimistas que brasileiros em geral
Para 93% dos moradores de favela, a vida vai melhorar em 2014, segundo divulgou o Instituto Data Favela, em sua primeira Radiografia das Favelas Brasileiras, apresentada nesta segunda (4). Para encontrar esse resultado, a pesquisa ouviu 2 mil pessoas em 63 comunidades do país entre julho e setembro. "Os moradores das favelas mostraram mais otimismo do que os brasileiros em geral", analisou um dos fundadores do instituto, Renato Meirelles.
Pesquisa feita com dois mil moradores de 63 favelas brasileiras mostra que a classe média dobrou de tamanho nas comunidades na última década, a exemplo do crescimento que aconteceu no país como um todo. A média salarial é de R$ 910 e metade das casas tem TV de plasma ou de LCD, computador e micro-ondas. A renda anual dos 11,7 milhões de brasileiros que vivem em favelas - população maior do que a do Rio Grande do Sul, o quinto estado mais populoso da federação - é estimada em R$ 63,8 bilhões.
A pesquisa é inédita, segundo o Instituto Data Popular (focado nas classes baixas), que aplicou os questionários. O objetivo é tirar da invisibilidade uma camada da população que tem muitas demandas e grande potencial de consumo. As perguntas foram elaboradas com a ajuda de moradores e foram direcionadas a hábitos de consumo, nível cultural e impressões sobre os serviços públicos. Dados do IBGE embasaram o estudo.
Os dados mostram que 59% dos habitantes de favelas não têm conta corrente e 65% não possuem cartão de crédito. Práticas informais como o pagamento fiado, persistem, disse metade dos entrevistados. A divulgação foi feita nesta segunda-feira, 4,, no lançamento do Data Favela, instituto de pesquisa criado pelo Data Popular, de Renato Meirelles, e a Central Única das Favelas ONG fundada por Celso Athayde. O Data Popular tem o intuito de identificar oportunidades de negócio nas comunidades.
As entidades estão promovendo o Fórum Nova Favela Brasileira, durante o qual os resultados são apresentados e comentados - o primeiro dia foi ontem, no Hotel Copacabana Palace, e o segundo é hoje, na sede da Cufa, no subúrbio de Madureira. "Quisemos lançar no hotel mais luxuoso do Rio para trazer a favela para cá", disse Meirelles. "A ideia é ter a favela como protagonista, porta-voz de sua história. É a primeira vez que se ouve a opinião dos moradores em larga escala. Este é um mundo invisível do ponto de vista da opinião e do consumo."
Dos jovens, 65% já foram revistados pela polícia, o que dá a medida do preconceito contra quem mora nas comunidades. A média de revistas relatada foi de 5,8 vezes. Em relação ao nível educacional e cultural, a pesquisa mostrou que mais de um terço das casas não tem um livro sequer, e que a média de escolaridade dos moradores é de apenas seis anos. Apesar das dificuldades, da precariedade que persiste no fornecimento de água, luz e saneamento, dois terços dos pesquisados afirmaram não querer sair da favela.
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