Fabricantes e revendedores de sistemas de calefação comemoram o inverno rigoroso que, mesmo intercalando algumas semanas de temperaturas amenas, convenceu muita gente a quebrar paredes e pisos para garantir aquecimento quando o frio retorna. O impacto das noites geladas de julho deve trazer clientes para as empresas do ramo durante vários meses.

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A Orbis do Brasil, fabricante de aquecedores individuais de parede a gás recebeu 50% mais encomendas em maio, quando os termômetros chegaram a zero em Curitiba. "A maioria decide colocar o aquecimento no inverno, mas muita gente já havia se preparado", diz o gerente comercial Ayrton Zanon. É possível instalar um aparelho a partir de R$ 500.

Outro sistema usa radiadores de parede aquecidos por caldeira de água movida a gás ou óleo. Na revendedora Z. Martins, a procura mais que dobrou em julho – e há 50 instalações em andamento. "A frente fria deixa ainda um benefício residual: depois que ela passa, por um bom tempo a procura se mantém aquecida. As pessoas têm forte na memória o frio por que passaram e até o ano que vem devemos vender mais", diz o gerente comercial Ricardo Pinto.

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A calefação por caldeira e radiadores é mais procurada para obras em construção, visto que numa casa já construída exige um mínimo de 20 dias de trabalho, com quebra de paredes. O preço é de cerca de R$ 150 o metro quadrado.

Outro sistema aquece o ambiente a partir do piso. Em cerca de 20 minutos o assoalho e o ar estão quentes. Em casas habitadas, é preciso retirar todo o piso para a instalação de uma manta com cabos siliconados, aquecidos eletricamente, processo que leva entre um e dois dias, de acordo com Scheyla Ciruelos, diretora da HotFloor. Em julho, a procura por instalações da empresa aumentou 40% em relação a outros meses. A HotFloor comemora ainda o aumento de 30% no número de clientes no primeiro semestre – quando instalou mais de 7 mil metros quadrados – em relação ao mesmo período do ano passado. O preço vai de R$ 100 a R$ 120 o metro quadrado.

"As pessoas estão começando a entender o que é a calefação", espera Ricardo Pinto, para quem o Paraná pode atingir o mesmo nível da Serra Gaúcha, onde não há apartamentos de alto padrão sem calefação.

Foi pensando na quantidade de dias frios em Curitiba que a administradora Maria Aparecida Alves decidiu investir R$ 12 mil para aquecer 145 metros quadrados de sua casa. "Pesquisamos vários sistemas e o orçamento para aquecer o piso foi o mais barato", conta. Já a fisioterapeuta Mariana da Silveira partiu para a reforma para garantir a saúde da filha. Letícia nasceu poucos dias após o carpete ter sido retirado dos quartos. "Colocamos porcelanato e aquecimento por baixo para não ficar gelado. Foi o melhor investimento que a gente fez", diz. A família gastou R$ 18 mil para se aquecer.

O estoque de aquecedores de ambiente da varejista Balaroti acabou, depois de a rede vender 22% a mais na segunda quinzena de julho em relação à primeira. "Nos surpreendemos mais com os chuveiros elétricos e com o ar condicionado quente e frio. Foram 83% mais aparelhos", diz a coordenadora de marketing, Talita Ballarotti Markus. Poderia vender ainda mais, mas, como o inverno de 2006 não foi tão rigoroso, a indústria produziu menos que o necessário esse ano – e já estão em falta os aquecedores de ambiente elétrico e a óleo.

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Banho

Se conseguisse atender toda a demanda adicional do inverno, Pedro Guimarães estaria feliz. Dono da Aquece Mais, especializada na instalação e manutenção de aquecedores de água e presidente da Associação Paranaense de Aquecimento a Gás (Apargas), ele é procurado pelo dobro de pessoas em julho, mas falta mão-de-obra para atender a todos. "Tenho que dispensar serviço e o faturamento acaba ficando igual. Levo um ano para treinar um técnico, e se usar alguém despreparado vou ter mais problemas que lucro", diz. Os aparelhos que ele vende custam de R$ 400 a R$ 3,9 mil. A instalação fica entre R$ 80 a R$ 100, e uma manutenção custa a partir de R$ 60.