Após compra da casa e do carro, consumidor procura por viagens
Para o vice-presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav), Edmar Bull, o ano de 2013 deve ser melhor que os anteriores.
"Parte desta nova classe média passou o último biênio ocupada com o pagamento do carro, da casa própria e da linha branca de eletrodomésticos. É natural que o próximo item de consumo sejam as viagens", afirma ele.
Na opinião de Bull, o mercado turístico está em sintonia com a classe em ascensão, e sabe oferecer produtos de qualidade com diferentes faixas de preço.
"Há preços para todos os consumidores. Algo caro e exclusivo, hotel cinco estrelas. Barato, mas confortável, três estrelas. Para quem deseja pagar menos com as passagens, compre antes e em horários menos habituais", explica. "As redes hoteleiras estão abrindo, temos a frota de aviões mais moderna da América Latina e isso está disponível a todos", afirma.
Famílias da nova classe média, com rendimento mensal entre R$ 622 e R$ 4.561, quase quadruplicaram os gastos com turismo nos últimos dez anos. Apenas no primeiro semestre deste ano, foram R$ 16,6 bilhões, contra R$ 4,4 bilhões em 2002, de acordo com dados do Data Popular e do Ministério do Turismo (MTur).
Com o turismo na cesta de consumo das classes C e D, a faixa emergente da população é responsável por quase um terço dos R$ 127 bilhões gerados pelo setor em 2011, na compra de passagens aéreas, hospedagem, gastronomia e serviços turísticos.
INFOGRÁFICO: Confira o perfil do novo consumidor
O movimento para a entrada do novo consumidor no mercado de viagens e turismo foi simultâneo: ao mesmo tempo em que viu o poder aquisitivo da população crescer, com mais emprego e renda, o mercado identificou o potencial da clientela e aproveitou a estabilização do dólar para baixar os preços e facilitar pagamentos no cartão de crédito ou nos carnês.
Segredo do sucesso
Carnês aéreos, inclusive, foram o segredo do sucesso da empresa paulistana Vai Voando. Criada há dois anos por Thomas Rabe, a empresa vende passagens aéreas em até 12 vezes por meio de boleto bancário, o famoso carnê. Desde que abriu, a Vai Voando comercializou mais de 35 mil bilhetes em 88 lojas e revendedoras nas periferias de São Paulo e Rio de Janeiro.
De acordo com Rabe, o cliente paga o carnê e só viaja quando a dívida estiver quitada. Como não há risco de inadimplência, a empresa não consulta os serviços de proteção ao crédito e não solicita comprovação de renda. "É um mercado que não possuí cartão de crédito e não se sente a vontade de procurar uma agência de viagens. Mesmo assim, ela tem saudades dos familiares que deixou em outras partes do Brasil", afirma.
Novas ideias e estratégias de marketing surgiram com o fortalecimento desta nova classe. Empresas aéreas e agências de viagens apostam no preço baixo para atrair público e em lugares inusitados para fazer publicidade. Em dezembro do ano passado, a CVC, maior operadora do país, abriu uma agência numa estação de metrô em São Paulo. A manicure Marilda Oliveira Prado, de 45 anos, e o marido, o eletricista Paulo Roberto Prado, de 48, fizeram a primeira grande viagem neste ano. Em janeiro, os dois foram comemorar os 25 anos de casamento em Fortaleza. "Foi um pacote da CVC, que compramos em 10 vezes. Foi a primeira vez que voamos de avião. Foi muito bom. Fizemos passeios, ficamos em um hotel perto da praia", conta.
Marilda revela que a viagem só foi possível por causa do parcelamento. "Assim foi mais fácil planejar e pagar o pacote", diz. Satisfeita com a experiência, a manicure revela que o casal já planeja uma nova viagem. "Estamos entre Natal e Porto Seguro, ainda não decidimos, mas vamos viajar". Até então, o casal e os filhos só tinham conhecido o litoral do Paraná.
Governistas querem agora regular as bets após ignorar riscos na ânsia de arrecadar
Como surgiram as “novas” preocupações com as bets no Brasil; ouça o podcast
X bloqueado deixa cristãos sem alternativa contra viés woke nas redes
Cobrança de multa por uso do X pode incluir bloqueio de conta bancária e penhora de bens
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast