Uma pesquisa sobre o atual ambiente de serviços financeiros do país, realizada pelo Google durante o mês de outubro, aponta uma diferença significativa entre a satisfação dos brasileiros que se mantém fiéis aos bancos tradicionais e aquela experimentada por quem já se rendeu às fintechs.
Dentre os clientes dos serviços "à moda antiga", 55% se disseram satisfeitos com o atendimento. É maioria, mas o índice é bem mais baixo do que os 78% de usuários de startups do segmento financeiro que estão felizes com o serviço prestado.
Os dados foram divulgados nesta terça-feira (5) durante o evento Fintechs@Google, em São Paulo, e revelam ainda um terreno fértil para as companhias que disputam espaço com os serviços financeiros ou bancários tradicionais. Foram 500 entrevistados no país: deles, 16,5% disseram que estariam dispostos a usar esse tipo de serviço e outros 40% afirmaram que já tomaram a decisão por migrar para as startups.
Os mais interessados
Conforme tende a suspeitar o senso comum, as soluções tecnológicas são mais populares entre os jovens. "Enquanto mais de 25% dos entrevistados de até 24 anos afirmaram que usariam os serviços de uma fintech, o número cai para 15% entre usuários acima dos 25", explicou Vitor Zenaide, líder de insights de mercado do Google.
Já num comparativo por região, os consumidores do Norte e Nordeste aparecem como os mais abertos às fintechs. No panorama da população em geral, sem diferenciações por idade, 22% dos nortistas e 21% dos nordestinos pesquisados admitem que mudariam para um banco digital. No Sudeste, esse índice é de 16%, cai para 15% no Centro-Oeste e encolhe para apenas 10% no Sul.
Com base nesse cenário, Zenaide acredita que “o desafio para as fintechs é ser assertivo na mensagem. O conteúdo que é divulgado para o Sul e o Sudeste não é o mesmo que o Norte e o Nordeste absorvem. A digitalização é a maior barreira para entrar nessas regiões”, afirmou o representando do Google durante o evento.
Mutante e em expansão
“Com as mudanças tecnológicas, os concorrentes de hoje podem não ser mais os mesmos de amanhã", afirmou o líder de insights do Google ao detalhar as impressões sobre o atual mercado de serviços financeiros, que a partir do início dos anos 2010 passou a ser tomado por novidades.
Numa avaliação geral, Vitor Zenaide afirma que "a maioria das fintechs está na fase de absorver uma demanda latente e de fortalecer o próprio posicionamento”. Esse quadro conta com empresas dos mais diversos portes, entre elas a Creditas, startup de crédito criada em 2012. Hoje, a companhia quintuplica de tamanho a cada ano e contrata 100 novos funcionários no país a cada mês, uma espécie de "caos controlado" segundo o CEO e fundador da fintech, Sergio Furio.
“A desordem é normal para qualquer empresa que tenha uma expansão tão grande como a nossa. Se tirarmos uma foto da empresa e olharmos em seis meses, 70% da equipe não estava na imagem porque é nova, tamanha a velocidade de nossa expansão”, detalhou o executivo da startup no evento do Google.
O avanço é notável também em oportunidades, acredita o CEO da Creditas: "São Paulo [estado em que a companhia concentra 60% das operações da companhia] está cheio pessoas pagando 110% ao ano de empréstimo pessoal. O potencial para produtos com juros mais baixos é infinito”, exemplificou Furio.
Acesso
Além da pesquisa sobre as fintechs, o Google destacou indícios de que a internet ganhou importância para a educação financeira dos brasileiros. Conforme a companhia, entre 2015 e 2017, cresceram em 76% as buscas feitas no Google pela frase “como abrir uma conta pelo celular”. Outra pista: um aumento de 110% no tempo de visualização de canais de educação financeira no YouTube em 2018 na comparação com 2017.
Já na chegada aos serviços financeiros, apesar de a tecnologia trazer novas formas de contratação, a principal influência no momento da escolha ainda vem por indicação de amigos, que representam 32% do total. Essa fatia é seguida bem de perto pelos sites especializados (31%), buscas online (28%), vídeos na internet (19%), opinião de influenciadores (18%) e redes sociais (15%).
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