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Chuva em lavoura de soja: umidade excessiva atrasa a colheita | Antônio Costa/ Gazeta do Povo
Chuva em lavoura de soja: umidade excessiva atrasa a colheita| Foto: Antônio Costa/ Gazeta do Povo

Ajustes

Situação em MS é preocupante

Luana Gomes

Até setembro, quando a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulga o seu último levantamento de safra, com os dados consolidados de produção de grãos, os números anunciados ontem ainda devem sofrer reajustes, alerta o técnico da companhia no Paraná Eugênio Stephanelo. "Haverá mudanças nas estimativas, mas nada muito substancial a ponto de comprometer o resultado recorde", prevê.

A maior preocupação neste momento é com o excesso de chuva no Centro-Oeste do país. Em entrevista coletiva concedida ontem, o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, contestou os números da Conab. "Com essa situação, a supersafra já era", disse, referindo-se à produção de 5,6 milhões de toneladas estimada pela estatal para o estado. A Famasul, a federação da agricultura de Mato Grosso do Sul, anunciou que está fazendo o levantamento dos prejuízos, mas as estimativas já apontam para quebra de 50% na safra de soja, totalizando cerca de R$ 1,5 bilhão.

Segundo Stephanelo, contudo, as perdas na soja devem ser apenas pontuais e o maior impacto do excesso de umidade deve ser sobre o milho safrinha. Ele explica que as chuvas que atrasam a colheita da soja em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul podem comprometer o desempenho do cereal de segunda safra.

Cada vez mais longe do risco de quebra, a safra brasileira deve atingir novo recorde em 2011. Com a ajuda do clima, que foi muito mais favorável às lavouras do que se previa no início da temporada, os produtores brasileiros devem colher 154,2 milhões de toneladas de grãos no ciclo 2010/11, mostra levantamento divulgado ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Se confirmado, o resultado estabelecerá novo recorde de produção, superando em 3,4% (cerca de 5 milhões de toneladas) o volume colhido no ciclo anterior (149,2 milhões de toneladas). Em relação a levantamento anterior da companhia, de fevereiro, a estimativa de produção cresceu 0,7% (1,1 milhão de toneladas).Para os técnicos da Conab, que reuniram dados de todas as regiões agrícolas do país referentes ao período de 21 e 24 de fevereiro, além do clima, também contribui para o resultado positivo o aumento de 3,1% (1,47 milhões de hectares) na área de cultivo de grãos, estimada em 48,86 milhões de hectares.

Principal cultura brasileira, a soja é também o principal destaque da temporada. Com ampliação de 2,4% na área de cultivo, para 24 milhões de hectares, a produção avança 2,3% com relação ao ciclo anterior, para o recorde de 70,3 milhões de toneladas. De acordo com a estatal, a colheita do grão está em andamento nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná e já teve início no Rio Grande do Sul.

Em virtude do fenômeno La Niña, havia expectativa de chuvas abaixo do normal nas regiões Sul e Sudeste e, por isso, esperava-se produtividade abaixo do normal nessas áreas, situação que não está se confirmando, informou a Conab. "Mesmo com os baixos índices pluviométricos, sobretudo no Rio Grande do Sul, as chuvas vêm ocorrendo nos períodos em que a cultura mais necessita", afirma o órgão.

O algodão, outro destaque da temporada 2010/11, deve registrar aumento de 63,3% na produção, para 1,9 milhão de toneladas de pluma. O crescimento é resultado de um aumento de 56,1% na área de plantio e de 4,6% na produtividade média. Já a produção de milho (verão e inverno) deve cair 1,7% com relação à safra passada, quando atingiu 56 milhões de toneladas. Para 2010/11, a Conab estima safra total de 55 milhões de toneladas.

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