Diante das incertezas geradas pela guerra de liminares, o produtor é o maior prejudicado. Prestes a programar a próxima safra de verão, ele acaba sendo privado do direito de optar ou não pela soja transgênica. Eduardo Rico, por exemplo, que cultiva soja na Região Norte, prefere não correr o risco. Na última safra ele plantou 20% da área com variedade OGM. Para o plantio que tem início em setembro, 10% da lavoura é para ser transgênica. Ele utiliza a soja geneticamente modificada para reduzir custos em terrenos com alta infestação de ervas daninhas, "mas se persistir esse impasse, vou zerar essa parcela transgênica".
Assim como Rico, os demais produtores do estado já estão planejando a safra 2007/08, explica Carlos Augusto Albuquerque, assessor da Faep. "O clima de incertezas diante das indefinições é muito ruim e pode influenciar na decisão do produtor." Segundo Albuquerque, a discussão sobre o uso do glifosato ganha mais importância com a previsão do cultivo de OGM na próxima temporada, que deve atingir 70% da área. Além disso, "o custo de produção aumentou com o reasjuste dos fertilizantes e agroquímicos e não resta outra saída que não seja reduzir custos". Para o dirigente, como o uso do herbicida está vinculado à tecnologia, é incoerente o veto ao cadastro no estado quando existe uma lei que permite o plantio semente e um registro que libera a uso do produto.
Conforme levantamento do projeto Rumos da Safra/Gazeta do Povo, dos 3,96 milhões de hectares cultivados na safra 2006/7, a área de soja transgênica foi de 47%. (GF)