O clima econômico no Brasil está com a pior avaliação desde janeiro de 1991, época de hiperinflação e 18 meses antes de o Congresso Nacional decidir pelo impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello.

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É o que mostra o ICE (Indicador de Clima Econômico) de julho da FGV (Fundação Getúlio Vargas), um índice mundial feito a partir de pesquisa qualitativa com economistas independentes (não ligados a governos), desenvolvido pelo instituto alemão IFO desde 1989.

Na pesquisa, o Brasil aparece com 55 pontos em julho, a pior avaliação desde os 54 pontos de janeiro de 1991. Indicadores acima de 100 são considerados "favoráveis", indicando expansão e confiança na economia; abaixo desse patamar indicam tendência recessiva. Na avaliação anterior, feita em abril, o país aparecia com 71 pontos.

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Segundo a professora Lia Valls, responsável pela pesquisa no Brasil, a deterioração do indicador em julho decorre das sucessivas revisões para baixo do crescimento econômico, das perspectivas de investimento, das contas externas, gastos públicos e da resistência da inflação. "Isso apareceu nas outras pesquisas de confiança na economia como da CNI (Confederação Nacional da Indústria)", disse.

O número é feito a partir de questionários respondidos por economistas. O clima econômico é uma combinação de dois subitens: situação atual e expectativas nos próximos seis meses.

A queda mais acentuada foi da situação atual -o indicador desceu de 68 para 42 pontos de abril para julho, lembrando que a média brasileira nos últimos dez anos era de 121 pontos. Já no indicador de expectativas, o recuo foi menos acentuado: 74 para 68 pontos, enquanto a média em dez anos era de 113 pontos.A avaliação do mundo como um todo vem melhorando, resultado da retomada das economias americana e asiática (a desaceleração na China foi comedida), além de certa estabilidade na Europa.

Segundo a professora da FGV, o pessimismo no Brasil acelera desde janeiro deste ano passado e "contaminou" a avaliação de toda a América Latina que, com exceção de Argentina e Venezuela, têm indicadores considerados favoráveis. O indicador latino-americano é ponderado pelo peso de cada país no comércio exterior, sendo que o Brasil responde por 23% e o México, por 35%. Chile, Argentina e Venezuela têm 7% cada.

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