Os 3,7 mil médicos cooperados da Unimed Curitiba, a maior operadora de saúde complementar do Sul do país, vão às urnas amanhã para eleger a diretoria que comandará a cooperativa até março de 2010. Cinco anos depois de atravessar a maior crise financeira de sua história e comemorando quatro anos consecutivos de lucro, a Unimed enfrenta agora uma situação raramente vista em eleições anteriores: a discussão de propostas deu lugar a uma intensa troca de acusações entre as chapas candidatas, que extrapolou os limites da cooperativa. "Até meus vizinhos de condomínio estão discutindo a eleição da Unimed", conta um funcionário.

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O recente desempenho da cooperativa – cujo faturamento cresceu 15,4% em 2005, atingindo R$ 620 milhões – parece ser o ingrediente que mais desperta o apetite dos candidatos. A disputa em 2002, ano em que os médicos cooperados precisaram dividir os prejuízos, nem de longe foi tão acirrada.

A polêmica das últimas semanas, alimentada por correspondências enviadas aos cooperados e notas publicadas em alguns jornais e sites da cidade, ganhou ontem um novo episódio. O escritório de advocacia que representa o candidato Manoel Almeida Neto publicou na Gazeta do Povo um informe publicitário anunciando que moverá processo civil e criminal contra os autores de um documento chamado "O verdadeiro curriculum vitae de Manoel de Almeida Neto". O texto, que não é assinado, foi enviado por mala direta a todos os cooperados da Unimed.

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"Pesquisas me apontam como o virtual vencedor das eleições. Então, meus adversários decidiram cair na baixaria e apelar para o anonimato, com acusações levianas", diz Almeida Neto, da chapa Gestão Competente. Os outros três candidatos à presidência da Unimed também manifestaram repúdio a essa forma de campanha. Todos afirmaram estar distantes do "jogo sujo" eleitoral.

"São coisas que acabam comprometendo a própria instituição junto ao público", diz Rached Hajar Traya, atual vice-presidente da Unimed e candidato da gestão Evolução Consciente. Ele, no entanto, não é o candidato da situação. Um racha no conselho administrativo deu origem a duas chapas, e o atual presidente da cooperativa declarou apoio à Unimed para Todos – chapa encabeçada por Sérgio Ossamu Ioshii, atual secretário geral da cooperativa.

"Os cooperados estão indignados com esse tipo de disputa eleitoral. É uma prática deplorável", comenta Ioshii. Júlio Pereira Lopes, candidato da chapa Valorização do Médico, afirma estar fazendo "uma campanha baseada na ética e na dignidade". "Não temos o que possa nos macular, por isso nunca fomos atacados nem atacamos qualquer uma das outras chapas."

O diretor comercial e de marketing da Unimed, Hudson José, informou que a cooperativa repudia o fato de a campanha ter sido levada ao público externo e condena os métodos utilizados pelos candidatos. "Desde o início, foi solicitado que não se utilizasse a mídia para fazer campanha, e que ela se limitasse ao público interno." A votação, que contará com dez urnas eletrônicas, começa às 10 horas e vai até as 22 horas de amanhã. Está proibido o uso de faixas, cartazes e aparelhos de som no local da eleição.