Mili busca resultados nas oportunidades que surgem
Bater a marca de R$ 1 bilhão em faturamento exige planejamento estratégico para crescer e permanecer na trilha de expansão.
Recentemente premiada como a melhor empresa de papel e celulose do país pela Revista Exame, a Mili S.A. (foto), fabricante de fraldas e absorventes higiênicos descartáveis com sede em Curitiba, superou a estimativa de crescimento para 2013, projetada em 18%, e chegou aos R$ 732 milhões em receita líquida no ano passado.
A empresa, de 1.500 funcionários, está concluindo um investimento de R$ 250 milhões com a abertura da máquina sete na fábrica de papel higiênico no município de Três Barras (SC).
Ao comentar o prêmio, Valdemar Lissoni, um dos fundadores da Mili, deu uma pista sobre a estratégia de crescimento que a empresa adota: "o que fazemos é buscar resultados nas oportunidades que surgem".
Para os fundadores, o que garante a alta liquidez do grupo é que praticamente todo o recurso gerado pela empresa é recolocado no negócio.
Destaque
Ranking das maiores do Sul tem 175 empresas paranaenses
Criado a partir dos balanços financeiros de empresas e grupos corporativos atuantes nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o ranking das 500 Maiores do Sul é realizado pela Revista Amanhã e a PwC Consultoria. A ideia é tabular o desempenho empresarial da região e desenhar cenários para o desenvolvimento econômico.
No ranking de 2012, o último disponível, o Paraná teve o melhor desempenho geral, com as empresas paranaenses alcançando a liderança nos três principais quesitos avaliados: Valor Ponderado de Grandez a (VPG), Receita Bruta e Patrimônio Líquido. O VPG é um indicador exclusivo da pesquisa, formado pela soma, com pesos distintos, do patrimônio liquido, receita bruta e resultados.
O estado tem 175 empresas no ranking, contra 201 do Rio Grande do Sul e 124 de Santa Catarina, mas soma R$ 198,5 bilhões do total de R$ 509,3 bilhões em receita bruta acumulada pelas 500 empresas.
A expansão na área industrial nos últimos anos é uma das causas apontadas pelos analistas para o bom desempenho empresarial do estado. De acordo com dados do Dieese, entre 2003 e 2012, a produção industrial brasileira cresceu a uma taxa de 2,3% por ano, enquanto a do Paraná foi de 4,3% ao ano.
Elas são grandes, mas muito discretas. Estão prestes a atingir uma cifra quase cabalística e chegar a R$ 1 bilhão em receita bruta anual, de acordo com o ranking das 500 maiores empresas do Sul do país, elaborado pela Revista Amanhã. Dez ascendentes ao clube do bilhão no Paraná (veja infográfico) vão se juntar a multinacionais como Renault e HSBC, estatais do porte de Copel e Sanepar, além de gigantes com DNA paranaense, como a Coamo. Mas mantêm um perfil conservador em seus modelos de gestão e têm quase nenhuma disposição em comentar sobre seus planos para o futuro diante da fase de desenvolvimento em que se encontram.
INFOGRÁFICO: Veja as empresas com melhor desempenho no Paraná
O marco no faturamento mostra o porte da empresa e seu nível de complexidade. Sozinho, não é indicador de saúde financeira. "Essa informação diz que ela conseguiu crescer, e isso traz benefícios, mas também muitos desafios", pondera o professor Henrique Machado Barros, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), de São Paulo. O tamanho pode ser um fator positivo na hora de negociar com clientes e fornecedores, atrair talentos, buscar financiamentos ou investimentos e atuar como um dos players do segmento.
Por outro lado, a visibilidade maior também exige mais transparência administrativa, relacionamento com público interno e externo, e gestão fiscal e tributária adequada para corresponder às investidas do poder público, um dos agentes que também passa a prestar mais atenção ao desempenho, seja pela relevância no cenário econômico ou pelo nível de recolhimento de impostos e riscos de sonegação.
Planejamento
Para o professor Carlos Alberto Ercolin, do ISAE/FGV, mais do que grandes ou pequenas, empresas devem ser classificadas por serem bem ou mal administradas. "E três perguntas são essenciais: para onde vou crescer, como eu faço para chegar lá e o que farei quando chegar", ensina. O planejamento estratégico é o ponto de partida, assim como a infraestrutura e as ferramentas de gestão estão no escopo da forma de crescimento.
A grande questão está em depois de atingir o objetivo, que pode ser o faturamento, a abrangência de mercado ou a excelência em serviços ou produtos. "Neste nível, a responsabilidade da empresa aumenta, há muito mais gente dependente dela. E a decisão para continuar crescendo, seja pela própria operação, por fusões ou aquisições, busca de fundos de investimentos ou abertura de capital, será determinante para o futuro", diz.
Crescimento exige conduta profissional e transparente
O modelo de gestão é bastante conhecido: o fundador ou os herdeiros ocupam cargos diretivos e a presidência da empresa, com tendência a centralizar decisões, mesmo nas companhias classificadas como maduras.
Também não é difícil que negócios familiares sejam confundidos com os da empresa. "É um perfil comum nas organizações do Paraná. E pode ser um empecilho no crescimento porque o mercado exige profissionalização, com transparência e definição clara de papéis", diz o consultor Claudio Camargo, sócio-líder do escritório da EY no Paraná.
Recursos humanos
A profissionalização da gestão aponta para o principal desafio de uma empresa em expansão: os recursos humanos. As pessoas certas devem ocupar os lugares certos e, muitas vezes, esse enquadramento pode ter que ser feito a partir da presidência. "O gestor tem que ter a humildade de reconhecer se ele é qualificado para levar o desenvolvimento da empresa adiante", observa o professor Carlos Alberto Ercolin, do ISAE/FGV.
A transparência é requisito fundamental para atrair investidores, em caso de abertura de capital ou venda de participação para fundos de investimentos. Nesse caso, o modelo de governança corporativa vai viabilizar a gestão profissional que o momento exige.
Treinamento
A qualificação da mão de obra e suas consequentes políticas de manutenção nos quadros funcionais também devem fazer parte da estratégia de crescimento.
A partir de um determinado patamar, a empresa muda o nível de negociação. Sai do mercado local para o internacional ou precisa de profissionais que identifiquem oportunidades para financiamentos e aplicações mais rentáveis, por exemplo.
"É um momento delicado de ajuste no quadro de colaboradores, mas necessário. As pessoas são os ativos mais valiosos da empresa", diz Ercolin.
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