O Conselho Monetário Nacional (CMN), formado pelos ministros Guido Mantega (Fazenda), Paulo Bernardo (Planejamento) e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, confirmou a manutenção da meta central de inflação de 2008 em 4,5% e estipulou, por unanimidade, uma meta de igual valor para o ano de 2009.
A manutenção é uma sinalização de que o governo quer que o processo de redução dos juros tenha continuidade nos próximos anos, uma vez que o BC sobe ou reduz os juros com base nas metas de inflação predeterminadas. Atualmente, os juros estão em 12% ao ano, o patamar mais baixo da história. Descontada a inflação, porém, os juros reais ainda são os mais elevados do mundo.
"O governo está sinalizando pela manutenção da política de controle da inflação. A inflação ficou abaixo da meta central em 2006, e a perspectiva é a mesma para 2007. A política antiinflacionária está permitindo o crescimento do país. O BC, sempre que possível, deverá produzir inflação abaixo do centro da meta", disse o ministro Mantega, ao anunciar nesta terça-feira a decisão.
'Folga' para juros
Segundo ele, a manutenção da meta de inflação em 4,5% em 2009 objetiva dar uma "folga" para o BC na definição dos juros. "Não será uma pequena oscilação para cima da inflação, em havendo um choque de oferta, por exemplo, que vai interromper a política de crescimento do governo federal", explicou Mantega.
No sistema de metas de inflação, existe um intervalo de tolerância. Se a inflação ficar dentro deste intervalo, a meta é considerada como cumprida. Para 2009, o intervalo será mantido em dois pontos percentuais. Como a meta central do ano que vem é de 4,5%, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja descumprida.
Segundo o presidente do BC, Henrique Meirelles, a decisão do CMN não representa mudança na política da autoridade monetária para a definição da taxa de juros. "O que se está explicitando é que, devido à trajetória favorável da inflação, podemos trabalhar com inflação abaixo da meta central. A expectativa do mercado já está em linha com este objetivo de longo prazo", disse ele.
Disputa
A semana que antecedeu a fixação da meta de inflação de 2009 pelo CMN foi marcada por discussões públicas de membros do governo, incluindo o presidente Lula. Enquanto Mantega defendia a manutenção da meta central em 4,5%, Paulo Bernardo e Henrique Meirelles queriam uma meta menor, de 4%, para 2009.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria posto um fim às disputas internas da equipe econômica. Na semana passada, ele defendeu a manutenção da meta de inflação em 4,5% para 2009. Depois disso, Bernardo, que vinha falando em queda, mudou o discurso e passou a dizer que não contrariaria o presidente da República.