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Brasília (das agências) – Mesmo com as incertezas no quadro político e a manutenção de uma taxa de juros real elevada, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) melhorou as previsões de desempenho dos principais indicadores econômicos para este ano. O boletim Informe Conjuntural, divulgado ontem, elevou a previsão de crescimento da economia brasileira de 3,2% para 3,5% em 2005. A estimativa do governo é de 3,4%. O aumento das exportações é o fator com maior peso na composição da nova estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Segundo a CNI, o PIB industrial deve crescer 4,4%, em boa medida devido ao bom desempenho da indústria extrativista. A indústria de transformação deve crescer 4,0% enquanto a construção civil será o segmento com a menor expansão, de 2%. O último Informe Conjuntural, divulgado no fim do segundo trimestre, previa uma expansão do PIB indústrial de 4,2%. O setor de serviços, conforme as estimativas da CNI, deve crescer 2,5% em 2005, enquanto o consumo das famílias deve aumentar 3,2% em relação a 2004.

É justamente o aumento da demanda interna, conjugada com o forte desempenho das vendas externas, que leva a CNI a prever a retomada da atividade econômica no último trimestre, depois de uma acomodação da atividade econômica no terceiro trimestre deste ano. "O quarto trimestre deve ter crescimento mais intenso, mais próximo do crescimento do segundo trimestre, em função da demanda externa forte e do aquecimento da demanda interna", avaliou o economista da CNI, Paulo Mol. A entidade considera três fatores para estimar o aumento das vendas no final do ano: o aumento do crédito pessoal, da massa salarial e dos gastos públicos.

Do lado do setor externo, a CNI espera que a forte expansão da demanda mundial faça com que as exportações brasileiras em 2005 atinjam US$ 117 bilhões, uma expansão de 24% em relação a 2004. A última estimativa divulgada pela entidade, no final do segundo trimestre, era de US$ 114 bilhões. Dessa forma, a previsão de superávit comercial foi elevada de US$ 38 bilhões para US$ 41 bilhões.

Câmbio

Por outro lado, o coordenador da unidade de política econômica da entidade (CNI), Flávio Castelo Branco, disse que, se a trajetória de valorização do real continuar, as decisões de investimentos no país poderão ser prejudicadas. Segundo ele, embora o câmbio ainda não tenha afetado o resultado da balança comercial, ele poderá desestimular novos investimentos. Na avaliação de Castelo Branco, a valorização do real em relação ao dólar, acima da observada nas moedas de outros países, tem feito com que o Brasil perca a chance de crescimento oferecida pela economia mundial.

Ele lembrou que países asiáticos e o Chile, por exemplo, têm crescido em níveis bem mais elevados que o Brasil porque têm tido taxas de investimentos também muito maiores. "Destravar investimentos é o desafio maior que a economia brasileira tem", afirmou. Segundo Castelo Branco, as taxas de investimento no Brasil não são maiores em razão das altas taxas de juros, do câmbio valorizado e da crise política. A CNI prevê um crescimento nos investimentos de 4% este ano, expansão tímida se comparada aos 10,9% de 2004. Mas Castelo Branco acredita que o início da trajetória de queda dos juros, a desoneração de impostos sobre bens de capital e o aquecimento da demanda interna devem trazer um panorama mais favorável em 2006.

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