Com medo da inflação e menos otimista sobre a evolução de sua renda, o consumidor brasileiro, apesar do bom momento pelo qual passa a economia, pretende diminuir as compras no final deste ano em relação a 2006, segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira (28) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A coleta de informações foi feita pelo Ibope com 2.002 eleitores de 142 municípios do país entre os dias 13 e 18 de setembro.
Segundo a CNI, os consumidores não pretendem comprar tanto no último trimestre deste ano, o que engloba o período das festas natalinas, quanto achavam que iriam fazê-lo no fim de 2006. Frente a junho deste ano, o indicador de expectativas de compras caiu 1,3% e recuou 4% na comparação com setembro do ano passado - que captura as expectativas para o fim de 2006 -, informa a CNI. Ainda assim, está próximo da intenção de compras para o final de 2005 e 2004.
Inflação, emprego e renda
A deterioração nas expectativas de inflação é o maior destaque da pesquisa, informou a CNI, visto que o índice caiu 7,7% na comparação com junho deste ano - o recuo significa maior pessimismo quanto ao comportamento dos preços. Na comparação com setembro de 2006, a queda, e também a expectativa negativa, são maiores ainda: 16,8%. "Essa percepção certamente foi influenciada pelos aumentos de preços ocorridos a partir de junho, sobretudo no setor de alimentos e bebidas", avalia a CNI em nota à imprensa.
Apesar da chegada do fim de ano, que representa a abertura de mais postos de trabalho, os entrevistados se mostraram "ligeiramente pessimistas" para o nível geral de empregos. Entretanto, para o seu emprego propriamente dito, segundo a CNI, a situação é inversa: houve uma pequena melhora na expectativa.
O indicador quanto à expectativa das pessoas para o nível geral de emprego caiu 1,8% frente a junho deste ano e está 11,6% menor do que em setembro do ano passado. A CNI lembra, porém, que em setembro de 2006 o índice atingiu seu pico histórico. Sobre o medo do desemprego, o índice teve crescimento (melhora) de 2,8% frente a junho e de 0,9% na comparação com setembro de 2006.
A perspectiva dos entrevistados para o crescimento de sua renda também não está tão positiva quanto a registrada no passado. Está 1,1% menor do que em junho deste ano e 3,1% mais baixo do que em setembro do ano passado.