Impulsionado por projetos de infraestrutura, o setor industrial demonstra mais otimismo em relação a 2012, depois de ter sido bastante afetado neste ano. Mas, para consolidar a aceleração do crescimento, o discurso ainda é de cobranças para desoneração tributária, flexibilização das leis trabalhistas e um câmbio mais desvalorizado. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estimou nesta quarta-feira (14) que a economia vai crescer 3,0%em 2012 e reduziu a estimativa de crescimento para este ano para 2,8 por cento, ante 3,4 por cento. Sobre o Produto Interno Bruto (PIB) industrial, a expectativa é de expansão de 2,3% em 2012, contra 1,8% neste ano. "A maior contribuição ao crescimento ainda virá do consumo doméstico, que deverá expandir 4%e contribuir com 2,6 pontos para a elevação do PIB", informou a CNI em nota. "Esse é o resultado da combinação do aumento do salário mínimo, do relaxamentto dos controles monetários, e da expansão nos gastos públicos." O presidente da CNI, Robson Andrade, afirmou que a indústria deve retomar sua competitividade graças ao maior controle dos preços e pela maior estabilidade do câmbio em torno de 1,80 real. Ele citou a importância de projetos voltados à Copa do Mundo de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, para dar fôlego a diversos setores industriais, da construção civil até a área energética. "Os projetos da Copa e das Olimpíadas são muito importantes para a economia, porque puxam diversos outros setores, já que a cadeia produtiva é muito longa", afirmou Andrade, citando também investimentos no setor de petróleo e gás e na indústria automobilística. A CNI estima que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, referência para o regime de metas do governo) deverá cair dos 6,5% previstos para este ano a 5,2% em 2012. A formação bruta de capital fixo, uma medida de investimento, deverá ter no ano que vem expansão de 5%, contra 4,8%prevista para este ano. Em relação à taxa básica de juros, a CNI estima que a Selic cairá mais um ponto percentual em 2012, terminando o próximo ano em 10%. "Temos questões que prejudicam o nosso desempenho, que é a carga tributária muito elevada, as questões trabalhísticas... o salário do trabalhador tem crescido muito", disse ele, cobrando maior comprometimento do governo em medidas para garantir competitividade da indústria em relação aos produtos importados. Mercado internacional
A CNI acredita que o câmbio terá quase uma estabilidade entre este ano e o próximo, com a cotação do dólar saindo de 1,79 real e terminando 2012 em 1,80 real. Andrade disse que a desvalorização do real ajuda na recuperação da indústria, mas para garantir uma competitividade maior seria preciso que a taxa ficasse entre 2,10 reais e 2,20 reais. "O problema é que, com a redução do mercado nos EUA e na Europa, outros países veem o Brasil como mercado para colocar seus produtos, fazendo com que a indústria brasileira tenha dificuldade de competir com esse mercado", afirmou. Apesar de acreditar que o governo aumentará os gastos públicos para combater a crise econômica internacional, a CNI prevê que o superávit primário ficará em 3% do PIB no ano que vem, contra meta de 3,25% prevista para este ano. Para o gerente-executivo de políticas econômicas da CNI, Flavio Castelo Branco, o governo pode lançar mão de um contingenciamento de cerca de 40 bilhões para adequar as despesas orçamentárias. Segundo ele, o governo só não conseguirá cumprir o primário diante de um agravamento ainda maior da situação internacional. A indústria estima ainda que a dívida pública líquida deverá ser reduzida de 39,1% neste ano para 38,6% no ano que vem. A CNI acredita que o superávit comercial cairá no ano que vem para 20,8 bilhões de dólares, ante saldo positivo esperado de 28,8 bilhões de dólares neste ano. O déficit em conta corrente é estimado em 56 bilhões de dólares em 2012, contra 50 bilhões de dólares neste ano.
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