O presidente da Confederação Nacional das Indústrias, Armando Monteiro Neto, afirmou ontem que a entidade defende a flexibilização de algumas leis trabalhistas neste momento de crise financeira. Ele acredita, por exemplo, que seria possível a redução da jornada de trabalho com a respectiva redução de salário, a utilização de participação nos lucro e resultados (PLR), como meio de conceder parte da remuneração sem tributos e o aumento dos prazos de suspensão de contrato de trabalho, sem ônus para o empregador. "Essas medidas poderiam ser tomadas sem necessidade de uma ampla reforma", afirmou.
De acordo com o consultor da CNI José Pastore, a legislação brasileira já prevê estes mecanismos, que permitem às empresas reduzir seus custos com empregados sem demitir. "Estamos negociando com as centrais formas de aproveitar as possibilidades que a legislação oferece e, se medidas adicionais forem necessárias, elas poderão ser feitas por Medida Provisória, pontualmente", disse Monteiro Neto.
A CNI divulgou ontem suas projeções para este e o próximo ano. As perspectivas econômicas da entidade para 2009 prevêem uma desaceleração forte em relação ao esperado para 2008. A CNI estima um crescimento do PIB de 2,4% no próximo ano.
Ainda segundo a confederação, a desaceleração já será sentida no último trimestre de 2008, quando a economia deverá registrar um resultado negativo de 1,5%.
Em relação à indústria, o PIB do setor deve crescer 1,8% no próximo ano, depois de registrar expansão de 6% em 2008.
A entidade também prevê aumento na taxa de desemprego, de 7,9% neste ano para 8,2%. Ainda assim, abaixo do registrado no final de 2007 (9,3%).
A CNI projeta ainda inflação de 4,8%, próxima da meta de 4,5% para o ano, e taxa de juros de 11,25% no final de 2009 (hoje, a Selic está em 13,75%). Já o dólar deve fechar o próximo ano cotado a R$ 2,25.