"Acho que podemos colocar a cobrança de IR sobre essas aplicações de estrangeiros no Brasil. Existe uma experiência bem-sucedida no Chile, além de outros países com experiência mais curta." Robson Braga de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)| Foto: Ivaldo Cavalcante/Hoje Em Dia

O novo presidente da Confe­­deração Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, defendeu ontem a adoção por parte do governo de novas medidas para conter a apreciação do real diante do dólar. Para ele, além da taxação da entrada de capital estrangeiro em renda fixa, deveriam ser adotados outros instrumentos, como a cobrança de Imposto de Renda sobre aplicações de agentes internacionais no país. "Acho que podemos colocar a cobrança de IR sobre essas aplicações de estrangeiros no Brasil. A questão da quarentena começa a ser discutida e alguns analistas acham que não é bom. Mas existe uma experiência bem-sucedida no Chile, além de outros países com experiência mais curta", afirmou.

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Andrade também sugeriu que haja um direcionamento dos investimentos estrangeiros para determinados setores da economia, sobretudo os voltados para o comércio exterior. "Podemos também dar vocação e direção para investimentos, colocando que parte da entrada de capital para investimento tenha de ser voltada para exportações", acrescentou.

Para o executivo, a situação do câmbio deve ser enfrentada de maneira imediata, para impedir que a indústria brasileira continue submetida à concorrência predatória. "A questão cambial é um problema sério, porque realmente estamos perdendo competitividade, principalmente porque a indústria é responsável pelo aumento de produtividade de outros setores da economia, como o setor agrícola", concluiu.

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Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a afirmar que as medidas que o governo adotou para conter a valorização excessiva do real estão fazendo efeito e disse não ver a necessidade de novas alterações no câmbio no momento, embora não descarte a hipótese de tomar novas atitudes em caso de avanço do real.

"A gente vai continuar avaliando. Não vejo a necessidade de novas medidas nesse momento. Mas, a qualquer momento, sabe como é... Então, vamos observar. Também não é bom ficar mexendo toda hora no câmbio, então vamos deixá-lo se acomodar", afirmou o ministro da Fazenda.

Ele comentou ainda a queda de ontem do dólar em relação ao real, após mais de uma semana de valorização – a moeda norte-americana recuou 0,8% no dia, cotada a R$ 1,726. "É uma queda insignificante do dólar, que está se mantendo num patamar razoável, é claro que influenciado pelo problema da Irlanda, pelo problema europeu", afirmou Mantega. "Mas, de qualquer forma, isso mostra que as medidas que nós temos tomado são eficazes e o real é uma das moedas que menos tem se valorizado frente ao dólar. Portanto, nossas medidas estão dando certo", disse o ministro, referindo-se a medidas como o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente em investimentos estrangeiros em renda fixa e a elevação na margem de segurança para operações de não residentes no mercado futuro.