A rede de televisão CNT encerrou sua produção jornalística em Curitiba. No começo do mês a empresa demitiu repórter, editora de texto e editora de imagem da equipe de jornalistas. E a questão não se resume ao Paraná: cerca de 20 funcionários foram dispensados em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Londrina.
A empresa nega que as demissões tenham sido motivadas pela suposta venda do canal ao pastor Valdomiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus. Em nota, a direção da CNT afirma que a família Martinez mantém o controle de 100% das ações.
O diretor jurídico da rede, Luis Carlos da Rocha, explica que as demissões foram feitas para equilibrar as contas da emissora, que está fazendo investimentos para transmissão digital pelas geradoras e transmissoras da rede.
"Vamos investir uns R$ 50 milhões e decidimos fazer isso sem contrair financiamento. Então tivemos que encurtar os gastos. Ampliamos o horário da igreja para arrecadar mais e produzir menos conteúdo. Não vou nem comentar os boatos de venda. A empresa CNT vale cerca de R$ 4 bilhões. Não tem quem tenha dinheiro para comprar", explica o diretor.
No último mês, o principal jornal da rede, apresentado à noite, teve o tempo reduzido pela metade e algumas matérias estão sendo compradas de agências de notícias.
Surpresa
Em Curitiba, parte da equipe foi pega de surpresa. Alguns funcionários afirmam que foram obrigados a tirar férias para só depois serem avisados da demissão. "Perguntamos sobre a possibilidade de demissão e ela foi negada. Mas na véspera do retorno fui avisada por uma colega de que todos seríamos demitidos", conta a editora e produtora Cláudia Ribeiro. "A gente tinha uma relação muito boa, pagavam certinho, salário bom. O mínimo que eu esperava da empresa era que eles tivessem jogado às claras", diz.
O diretor jurídico da rede diz que os procedimentos nas demissões foram todos dentro da lei. "Pode ser que alguém não tenha gostado, se alguém acha que seus direitos não foram garantidos pode contestar", afirma da Rocha.
A empresa informa que pretende reestabelecer o fornecimento de conteúdo jornalístico em um prazo de seis a sete meses e que, para isso, pode recontratar alguns funcionários até o fim do ano.