Curitiba – A ação rápida do Paraná para isolar as propriedades que receberam animais de Mato Grosso do Sul e coletar material dos 19 que apresentaram sintomas de febre aftosa pode ser uma das causas para a dificuldade de se chegar a um diagnóstico conclusivo sobre a doença no estado. A avaliação é do médico veterinário Silmar Bürer, secretário executivo do Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária (Conesa). "Quando foi feita a primeira coleta, as lesões nos animais eram extremamente discretas", afirma.

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Tanto Bürer, funcionário de carreira da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), com muitos anos de experiência no combate à aftosa, quanto o vice-governador e secretário de Agricultura, Orlando Pessuti, defendem a coleta imediata de material para exame, porque a demora, em caso de confirmação da doença, poderia contribuir para o seu alastramento e a contaminação de um número muito maior de animais. "Se o exame der positivo, já teremos 20 dias de monitoramento dos animais sob risco", disse Pessuti. A medida recomendada, nesse caso, é o sacrifício dos animais.

Há três formas de coleta de material para o exame de aftosa. A mais simples é a retirada de dois gramas de mucosa, com espátula ou pinça, nas áreas com lesões na boca, língua, gengiva, base do casco ou unhas. O vírus aftósico ataca as células epiteliais, que recobrem as mucosas. Quando o volume de material nessas áreas é insuficiente, os especialistas recomendam se buscar as células epiteliais na base da língua, traquéia ou no esôfago do animal. Para isso, usa-se um coletor esofágico, espécie de haste com um cálice na ponta.

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A terceira opção é a coleta de sangue dos animais supostamente infectados. Essa alternativa pode não ser muito eficaz porque a cultura do soro sangüíneo só acusa a aftosa quando o animal já desenvolveu a doença e seu sistema imunológico está produzindo anticorpos para se defender dos efeitos dela. Segundo Bürer, o método mais eficaz é a utilização do coletor esofágico, porque o animal pode abrigar o vírus na região da traquéia por até oito meses, sem manifestar a doença.

Bürer afirmou que os três métodos de coleta foram utilizados nos 19 animais de fazendas paranaenses que desenvolveram sintomas da aftosa. A utilização do coletor esofágico teria ocorrido nos casos em que as lesões em áreas externas não eram suficientes para a coleta dos dois gramas de mucosa necessários para o exame. (VD)