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Diário de bordo Equipe está em Mato Grosso

A equipe do Rumos da Safra está em Mato Grosso. O trabalho no Centro-Oeste teve início na segunda-feira. Os técnicos e jornalistas já ouviram produtores e dirigentes do agronegócio nas regiões de Rondonópolis, Primavera do Leste, Cuiabá e Nova Mutum. Hoje estão agenda das visitas a propriedades de Sorriso, o maior município produtor de soja do mundo, com uma área superior a 550 mil hectares. Para amanhã, estão previstos encontros em Lucas do Rio Verde e Sinop.

Na incursão pelo Mato Grosso, o Rumos da Safra deve fechar um roteiro de 5 mil quilômetros. Além de produtores, estão sendo entrevistados pesquisadores e dirigentes de cooperativas.

Na próxima semana a expedição estará nas regiões Sudoeste, Oeste e Noroeste do Paraná. A sondagem a campo prossegue até o dia 25 de março e inclui as regiões Norte, Centro-Sul e Campos Gerais. Os resultados do projeto começam a ser divulgados agora e mantêm os produtores informados sobre as tendências do setor nas edições do caderno Caminhos do Campo. (GF)

O avanço da colheita de soja e milho confirma a tendência de uma safra recorde de grãos no Brasil. Em Mato Grosso, a equipe do projeto Rumos da Safra/Gazeta do Povo apurou com a AG Rural que a colheita da soja já atinge metade da área cultivada, que este ano foi de 5 milhões de hectares. Já no Paraná, segundo os técnicos da consultoria, já foram colhidos 27% dos quase 4 milhões de hectares plantados. Os dois estados devem produzir, juntos, perto 27 milhões de toneladas de soja e 17,13 milhões de toneladas de milho, 50% e 35% da produção nacional, respectivamente. Em 2002/03, quando o Brasil colheu a maior safra da sua história, milho e soja somaram quase 100 milhões de toneladas. Na safra em curso, as duas culturas têm potencial produtivo para 105 milhões de toneladas.

Em quantidade, o incremento na produção sobre o ano recorde é relativamente pequeno. Mas tornouse significativo se comparado às duas últimas safras, explica Robson Mafioletti, da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) e um dos analistas responsáveis pelo suporte técnico do Rumos da Safra. "Isso demonstra a força de recuperação do setor. Depois de duas safras de crise, no primeiro ano em que no clima ajudou os produtores retomaram o crescimento da produção." Mafioletti alerta, no entanto, para o endividamento do campo. "O momento é bom, mas isso não significa que a situação está equacionada, apenas permite ao produtor iniciar a recomposição das dívidas."

Um dos principais responsáveis pela retomada tem sido o clima, que favoreceu plantio e desenvolvimento da safra de verão. Na avaliação do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura do Paraná (Seab), o excesso de chuva e a estiagem, sempre localizados, prejudicaram o desempenho em algumas regiões, mas não o suficiente para comprometer a média de produção e produtividade. No Mato Grosso, as chuvas no final de janeiro e início de fevereiro atrapalharam a colheita da soja e o plantio do milho safrinha, que em alguns casos precisou ser replantado.

O produtor Ceni Zílio, de Primavera do Leste (250 quilômetros de Cuiabá), teve que replantar 100 hectares de milho safrinha que foram perdidos por causa da chuva intensa. Num único dia, após o cultivo, choveu 150 milímetros, metade do que normalmente chove em fevereiro.

Zílio é um dos milhares de produtores paranaenses que estão no Mato Grosso. Ele planta milho e soja em 1.150 hectares. Em pleno pico de colheita, trabalha com três colheitadeiras operando de modo simultâneo. Os números do produtor confirmam a estimativa de safra recorde. A expectativa de Zílio é colher, em média, 3.300 quilos por hectares, contra 3.000 quilos no exercício anterior.

O Mato Grosso deve colher 15,27 milhões de toneladas, enquanto que no Paraná a produção deve passar de 12 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Endividamento

Pedro Loyola, economista da Federação da Agricultura do Paraná (Faep) que integra a equipe do Rumos da Safra, explica que o resultado positivo não fecha a conta no campo. "O passivo acumulado ainda compromete o poder compra do produtor, que além do custeio deste ano ainda carrega as dívidas prorrogadas no passado." Somente no Banco do Brasil, que concentra 80% das operações, os débitos prorrogados nas últimas duas safras somam R$ 8,6 bilhões no país e R$ 1,2 bilhão no Paraná.

Como a capacidade de endividamento do agricultor está no limite, a prioridade deve ser a quitação das dívidas, para depois pensar em novos investimentos, como a ampliação da área ou a renovação do parque de máquinas. "O momento é de recuperação, mas também de moderação", diz Pedro.

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