A Colômbia é, depois do Brasil, o país mais bem estruturado da América Latina para receber investimentos em projetos de biocombustíveis porque possui legislação e um plano de desenvolvimento para o setor, algo que pode servir de exemplo para outros países da região, indicaram especialistas.
O país, um dos três maiores produtores mundiais de café, prevê receber investimentos de mais de 5 bilhões de dólares na produção de biocombustíveis nos próximos 13 anos e avança rapidamente na criação de uma tecnologia adaptada a seu tipo de solo, afirmaram os especialistas.
"Ainda não se deu destaque suficiente à experiência da Colômbia no campo dos biocombustíveis", afirmou o brasileiro Arnaldo Vieira de Carvalho, especialista em biocombustíveis do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
"Logo depois do Brasil, esse é o país que oferece as melhores oportunidades de aprendizagem para os países que estão ingressando no desenvolvimento desse setor", acrescentou.
O Brasil e os EUA, maiores produtores de etanol do mundo, anunciaram em março um projeto para criar um mercado de etanol no continente, incentivando investimentos em El Salvador, no Haiti, na República Dominicana e em São Cristóvão e Névis.
O plano, duramente criticado pelos líderes esquerdistas Fidel Castro (Cuba) e Hugo Chávez (Venezuela), para os quais a produção de etanol prejudicará a de alimentos na região, é uma peça-chave na relação diplomática entre os dois gigantes do continente e diz respeito a vários países da América Central e do Caribe.
UMA VANTAGEM: O TLC
Dentro do eixo regional, o presidente da Federação Nacional dos Biocombustíveis da Colômbia, Jorge Bendeck, sublinhou o fato de seu país ter como vantagem competitiva a possibilidade de exportar aos EUA sem pagar impostos, e isso devido a um acordo comercial firmado com os norte-americanos, mas que ainda não entrou em vigor.
"O Tratado de Livre Comércio (TLC) fixa que os biocombustíveis não pagarão tarifas", afirmou Bendeck, destacando também que a Colômbia possui uma legislação favorável à ampliação do setor, preços controlados e isenção de impostos.
Os EUA cobram do etanol brasileiro uma tarifa de 54 centavos de dólar por galão exportado, e vários produtores vêm usando países do Caribe que possuem acordos comerciais com os norte-americanos para chegar àquele mercado.
Mas a distância entre o Brasil e a Colômbia em termos de patamar de produção é colossal.
O Brasil possui mais de 330 usinas, e há mais de 50 em construção, ao passo que a Colômbia possui seis. Essas podem somar 55 se for concretizado o plano de investimentos de 5,2 bilhões de dólares até 2020, principalmente no desenvolvimento do etanol retirado de várias fontes, como a beterraba e a iúca, notou Bendeck.
Carvalho, de outro lado, ressaltou o fato de o Brasil possuir desde a década de 1970 um programa bem-sucedido de produção de etanol e de já ter ampliado sua produção de maneira agressiva. A Colômbia, segundo o analista, passou recentemente pelo desafio de criar esse setor.
A Colômbia já definiu qual será a proporção de etanol que acrescentará à gasolina consumida no país - dos 10 por cento atuais para uma cifra de até 25 por cento em 2015 - e está oferecendo incentivos para investimentos, observou Carvalho.
O presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, dedicado também a combater o narcotráfico dentro desse que é o maior produtor de cocaína do mundo, afirmou que o território colombiano apresenta condições de solo e de clima favoráveis para colocá-lo par a par com o Brasil na produção de etanol e de biodiesel.
O objetivo da Colômbia é atender à crescente demanda por combustíveis dos EUA, da Europa e da Ásia no momento em que se elevam os preços internacionais do petróleo e surgem novos limites ambientais no mundo todo.