Não pode haver dúvida sobre o fato. A economia brasileira está mesmo numa situação muito melhor do que esteve nos últimos 20 anos, particularmente no setor externo. A tabela abaixo mostra a situação:
No final da octaetéride fernandista o Brasil estava quebrado. Tínhamos corrido duas vezes ao FMI, às vésperas das duas eleições, para que elas transcorressem de forma civilizada. Em 2002 a situação externa era dramática com uma tremenda acumulação de déficits em conta corrente (quase US$190 bilhões no período), apesar do crescimento pífio no período (média anual de 1% "per capita" em 1995/2002).
O quadro mostra que a vulnerabilidade externa que nos ameaçava foi totalmente superada e que estamos hoje com uma situação folgada. O Tesouro Nacional é credor líquido: suas dívidas são muito inferiores às suas reservas no Banco Central. No final de 2007 (se tudo continuar como está), elas devem ser equivalentes a 90% do total da dívida externa, incluindo o setor privado. Em 2002 não chegavam a 20%. Finalmente, elas que em 2002 eram equivalentes a 42 meses de exportação, hoje são de apenas 14 meses.
É preciso, por outro lado, reconhecer que esse resultado se deve menos às virtudes de nossa política econômica e mais à evolução da economia mundial: o seu rápido crescimento aumentou o volume e o preço de nossas exportações. A prova disso é que, apesar de toda a nossa fanfarrice exportadora, continuamos a representar um mísero 1,2% do comércio mundial, quando em 1984 representávamos 1,4%. Isso se deve às erráticas políticas cambiais oportunísticas dos últimos 20 anos.
De qualquer forma, temos uma relativa blindagem contra as flutuações da economia mundial, mas é ledo engano acreditar que "somos um ilha de tranqüilidade" num mundo angustiado pelos exageros do "subprime".
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