O mínimo que se pode dizer da última semana é que ela foi tranqüilizadora. O desempenho da ministra Dilma Rousseff na "Sabatina-Folha" mostrou que há mais esforço administrativo e menos ênfase ideológica no governo Lula do que sugerem seus críticos ideológicos. Com uma saborosa desenvoltura declarou-se "socialista".
Mas que socialismo? Não o do "Século XXI", que terminará bem pior do que o do Século XX e muito menos o da luta armada para impor "democraticamente" a liberdade como pensava aos 19 anos. Segundo se viu, "socialismo" é o codinome da construção de uma sociedade constitucionalmente forte, com poder incumbente regularmente eleito por partidos competitivos e onde prevaleça uma certa justiça, uma relativa igualdade de oportunidade; onde a liberdade individual seja efetiva; onde as desigualdades de renda não sejam chocantes e o sistema produtivo seja a economia de mercado submetida a um regime competitivo. Em poucas palavras, "um capitalismo moralmente aceitável".
Outro fato tranqüilizador foi o visível avanço no setor da infra-estrutura. Finalmente desencantaram-se os "leilões" dos sete trechos de rodovias do Sul e Sudeste que somam 2.600 quilômetros e que aguardavam solução desde 1996. Mais de uma vez criticamos neste mesmo espaço as dificuldades que tinha o governo para decidir. Pois bem, os projetos dos leilões surpreenderam: parecem muito adequados e as condições de garantia da execução das obras são eficazes. Ao que tudo indica haverá uma feroz competição que beneficiará os consumidores, inclusive com uma rápida antecipação da melhoria dos serviços antes da cobrança dos pedágios, o que reduzirá a resistência a eles. Abre-se, agora, a possibilidade que o governo coloque por concessão simples ou PPP, outros 15.000 quilômetros de rodovias, o que as recuperaria em menos de três anos, como tem insistido o sr. Paulo Godoy, presidente da Abdib.
Na mesma semana, a Vale do Rio Doce arrematou 720 quilômetros da Ferrovia Norte-Sul e os investimentos sugeridos no PAC... começam a mover-se com maior rapidez, o que é fundamental para aumentar a eficiência da economia.
Um fantasma, entretanto, ainda inquieta o investidor privado: a ausência de uma demonstração convincente do teorema que não faltará energia a preços razoáveis (ainda que a custo marginal crescente), mesmo com um crescimento do PIB de 5% ao ano nos próximos 10 ou 15 anos. Para isso seria bom se fossem acelerados, também, os leilões das hidrelétricas do Madeira.
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