Em épocas de eleições, uma enxurrada de temas invade o horário obrigatório no rádio e televisão, onde os candidatos procuram fazer as promessas mais sedutoras sobre saúde, educação, segurança, saneamento para cativar os votos dos eleitores.
Essas propostas são válidas e importantes, sem dúvida. Mas, por trás de tudo, há um grande desafio: o Brasil precisa crescer, e crescer de forma sustentada, ou seja, ao longo de muitos anos.
O crescimento é a base para a geração de empregos, renda e prosperidade. O Brasil está muito mal nesse campo. Cresceu apenas 2,3% no ano passado. Isso é irrisório para um país de 185 milhões de habitantes e que tem a necessidade de gerar mais de 2 milhões de postos de trabalho todos os anos para absorver os jovens que buscam empregos.
Crescimento depende de vários fatores. O principal deles é o investimento. O Brasil também está mal nesse campo. Affonso Celso Pastore e Maria Cristina Pinotti mostraram que, nos 12 meses encerrados em agosto, os investimentos diretos líquidos somaram só US$ 6,9 bilhões, ou seja, 0,8% do PIB enquanto que, na maioria dos países emergentes, tais investimentos chegam a 3% do PIB ("Contas correntes e investimentos diretos em direção opostas", Valor, 9/10/06).
O Brasil tornou-se um país desinteressante aos investimentos produtivos que vêm de fora. Isso é lamentável porque temos tudo para dar certo. Mas o investidor é objetivo. Ele observa o crescimento dos últimos anos assim como os estímulos e a segurança jurídica para os investimentos futuros.
Se considerarmos os investimentos nacionais a preços constantes, estes não passam de 17,5% do PIB. Isso explica o crescimento medíocre dos últimos anos.
Já foi o tempo em que o investimento total (nacional e estrangeiro) chegou a 25% do PIB, como na década de 70.
Vários países da Ásia investem acima disso. Na China, é mais de 40% do PIB anualmente. Com isso, a região cresceu muito. Em 1990, aqueles países tinham um PIB agregado de US$ 1,2 trilhão. Hoje, são US$ 4 trilhões. A renda per capita subiu de forma expressiva. O consumo aumenta a cada dia. A classe média vai se formando. A educação melhora. A produtividade cresce. Os preços se reduzem. E a região como um todo prospera a céu aberto.
O Brasil tem tudo para seguir o mesmo caminho. Não é possível que com tantos recursos, nossas exportações representem apenas 1% do comércio internacional e que a renda dos mais pobres só sobe com base no assistencialismo. Ela precisa subir na base do emprego e do trabalho digno que vêm com o crescimento.