Dizem que quando dois economistas se reúnem, surgem sempre três opiniões...
Há um assunto, porém, que eles têm tocado em uníssono. Trata-se da urgente necessidade de se reduzir os gastos públicos. É espantoso verificar que as despesas correntes do governo crescem a 15%, para uma inflação de 3,7% (estimada pelo Banco Central).
Maior espanto causa a proposta do governo em não fazer nenhum corte de despesas para 2007.
O que isso significa? Mais imposto? Vamos passar dos 37,37% do PIB? Será que o governo não entende que impostos altos demais provocam injustiças e aumentam a informalidade?
O pior é que com toda essa gastança, o governo tem sido impotente para investir naquilo que é essencial para o nosso crescimento: infra-estrutura, saúde e educação.
O Brasil não está crescendo o que precisa. Pode-se dizer o que for que a inflação está baixa, que a balança de pagamentos está saudável e que os juros estão caindo. Apesar dos bons fundamentos da economia, continuamos na rabeira da maioria dos países emergentes. Crescemos 2,3% em 2005 e chegaremos a meros 3,5% em 2006. Isso é ridículo perto das nossas necessidades. Nesse ritmo, levaremos cerca de 100 anos para chegar à renda da Coréia do Sul!
Sem um severo controle do déficit público, não se chega a um bom crescimento. Esse é o quadro atual. Explosão de despesas e encolhimento de investimentos. Não é à toa que o desemprego chegou a quase 11%. Todos sabem que o emprego de hoje resulta do investimento de ontem. Como não houve investimento, temos de amargar o desemprego. E, sem corte de gastos públicos, continuaremos nessa estagnação do mercado de trabalho por muitos anos.
O desempenho dois principais setores econômicos em 2006 não é nada bom. Na agricultura, os produtores estão sem renda, com dívidas acumuladas e pleitos não atendidos. Na indústria há apenas quatro setores que apresentam bons resultados e que respondem por 70% do crescimento industrial neste ano, a saber, equipamentos de informática; máquinas, aparelhos e materiais elétricos; extrativa mineral; e refino de petróleo e produção de álcool. Os demais setores estão apresentando resultados pífios, segundo dados da CNI.
Não há o que protelar. É preciso uma grande guinada nos gastos públicos. Qualquer empresa que praticasse o expediente do governo, de gastar mais do que ganha, estaria quebrada há muito tempo. O Brasil não quebra, mas não cresce.