Não conhecia esse tipo de cálculo. Sabia que a educação é a energia básica para tocar um país. Para cada ano de educação, corresponde um acréscimo de remuneração das pessoas e um aumento do PIB.
Os retornos dos investimentos em educação são enormes. Comprar uma máquina alavanca a produtividade e faz o país crescer. Mas, educar bem um jovem dá um resultado muito maior. É a superioridade do capital humano sobre o capital físico.
O Banco Mundial acaba de apresentar alguns resultados de uma conta diferente no campo da educação e que partiu da seguinte pergunta: quanto o país perde quando todo um grupo etário (coorte) abandona a escola precocemente?
Dizendo ser uma estimativa conservadora, o Banco conclui que o Brasil deixa de gerar R$ 755 milhões devido ao abandono escolar precoce de uma única faixa etária.
E quanto significa essa perda ao longo da vida de toda a geração que abandonou a escola precocemente? R$ 300 bilhões. É isso mesmo: trezentos bilhões de reais! (Banco Mundial, Jovens em situação de risco no Brasil, Volume I, Brasília, 2007).
Historicamente, o Brasil tem mantido um sistema educacional com muitas perdas. É como um caminhão que transporta ovos que vão quebrando pelo caminho. Ao longo dos anos, esse negócio se revela precário.
No caso da educação, o grupo etário (coorte) considerado, teria ganho R$ 300 bilhões a mais se não tivesse abandonado a escola precocemente.
O estudo compara o Brasil com vários outros países. Os dados são preocupantes. O nível educacional dos jovens brasileiros é muito mais baixo do que os países mais populosos da América Latina. Isso levou o Banco Mundial a concluir que a futura geração não será competitiva nem na América Latina e nem no mundo. Tudo isso devido às grandes perdas (quantitativas e qualitativas) que ocorrem no sistema educacional.
São perdas lastimáveis e que não podem ser recuperadas. O que se perdeu não volta mais. E, como educar é um processo lento, teremos de investir bem durante muitos anos para se chegar ao padrão mínimo de educação requerido pela sociedade de conhecimentos. Com todas as reformas que estão sendo anunciadas e assumindo que todas sejam implementadas, o Ministério da Educação nos diz que nossas escolas chegarão naquele padrão dentro de 15 anos.
Não adianta chorar o leite derramado. É arregaçar as mangas e trabalhar intensamente para que nossos netos possam repetir os cálculos do Banco Mundial, daqui a 30 anos, e dizer: paramos de perder no sistema educacional. Daqui para frente tudo seria ganho.
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES é empresário.antonio.ermirio@antonioermirio.com.br