Teve grande repercussão a matéria da Revista Economist (16/9/2006) sobre o novo poder dos países emergentes.
Os dados apresentados mostram que, no agregado, o PIB dos emergentes (medido em poder de compra) é maior do que o PIB dos países avançados. De certo modo, essa é uma grande surpresa para a literatura econômica.
Passou o tempo em que duas ou três nações respondiam pela hegemonia do mundo. Os países em desenvolvimento estão crescendo depressa; usam a metade da energia mundial; e acumulam a maior parte das reservas estrangeiras. Basta citar a China como um gigante que consome todos os tipos de energéticos e que tem em seus cofres mais de US$ 1 trilhão.
Ao fazer previsões sobre o destino desses países, o Brasil, junto com a Índia, Rússia e China, coloca-se entre os mais promissores. Além disso, fica cada vez mais claro que os países emergentes estão se tornando estratégicos para a economia dos países avançados. Se olharmos para a China, novamente, verificamos que a produção em grande escala e a preços baixos tem contribuído de forma decisiva para baixar a inflação e a taxa de juros assim como alavancar investimentos nas nações do Primeiro Mundo.
Nesse sentido, as economias dos dois grandes blocos mostram claros sinais de integração e interdependência. A participação das exportações dos países emergentes no comércio mundial saltou de 20% em 1970 para 43% em 2005. A interpenetração é crescente.
O problema é que o crescimento dos países emergentes melhora as economias avançadas, mas não necessariamente os seus povos. Desemprego, migração de empresas e redução de renda começam a preocupar tanto os países mais ricos. Entre os mais pobres, o bem-estar social não avança na mesma velocidade da integração econômica.
O Brasil está no meio desse quadro. Com raras exceções, nossas exportações a bons preços têm favorecido o progresso de várias outras nações, mas não do povo brasileiro. Os avanços nesse campo têm sido tímidos e limitados a certos setores.
Mas, não há porque desanimar. Eles poderão ser muito mais expressivos na medida em que o país realizar de uma vez por todas as reformas que garantem o aumento de produtividade, da competitividade, da renda, e dos investimentos, sem esquecer, é claro, da melhoria da qualidade da educação e da saúde do nosso povo. Com os recursos que temos, em uma ou duas décadas passaremos para a primeira divisão dos países avançados. É só fazer o que for necessário.