Há mais de cem anos, o barão de Mauá lutou pela construção de estradas de ferro e de sistemas de navegação fluvial por saber que, em um país continental como o nosso, o transporte de carga teria de contar com uma solução barata e segura. Ele bancou 40% do custo da primeira ferrovia construída em Petrópolis em 1854 e, em associação com os ingleses, iniciou a estrada Recife-São Francisco, a Dom Pedro II (depois Central do Brasil) e a São Paulo Railway, de Santos a Jundiaí.

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Chegamos ao início do século XX com cerca de 30 mil quilômetros de ferrovias – o que era nada para a dimensão e necessidades do Brasil. Em 1944, eram 35 mil quilômetros, que continuou sendo muito pouco.

Pois bem, no relatório da Agência Nacional de Transporte Terrestre de 2006, li que, depois de 150 anos, nossa malha ferroviária caiu para 29 mil quilômetros e em uma reportagem do jornal Valor, desta semana, verifico que descemos para 28 mil quilômetros ("Infra-estrutura: custo dificulta ampliação das ferrovias", 13/8/2007).

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Andamos para trás enquanto que o mundo caminhou para frente. Na Europa, as malhas ferroviárias se expandiram extraordinariamente, incluindo trens de alta velocidade (mais de 300 quilômetros por hora) que servem para o transporte de passageiros entre as grandes cidades.

Não tem cabimento continuarmos com 28 mil quilômetros de estradas de ferro e movimentar cargas, basicamente, por transporte rodoviário que é caro, poluente e exigente de um tipo de manutenção que o país não agüenta.

Além de serem precárias, as ferrovias do Brasil são irrisórias. O minúsculo Japão tem 23 mil quilômetros de estradas de ferro de boa qualidade. A Argentina tem 34 mil quilômetros; a Austrália, 41 mil; a Alemanha, 45 mil; a Índia, 63 mil; o Canadá, 64 mil; a China, 71 mil; a Rússia, 87 mil e os Estados Unidos, quase 200 mil quilômetros.

É verdade que os investimentos são altos. Mas, se o governo não tem recursos, que se busque a iniciativa privada mediante concessões de longo prazo. Muitas empresas estrangeiras já manifestaram seu interesse. Por que não se partir para parcerias, inclusive para interligar os três aeroportos de São Paulo (Congonhas, Guarulhos e Viracopos)?

O retorno desse investimento pode ser pequeno quando se leva em conta apenas a receita do transporte, mas é enorme quando se considera a geração de empregos e de tributos assim como a redução da poluição e dos acidentes e a ativação da economia, pois, afinal, os dormentes, as locomotivas, os vagões, a eletrificação – enfim, tudo é nacional. Vamos lá Brasil: mãos à obra!Antônio Ermínio de Moraes é empresário.

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antonio.ermirio@antonioermirio.com.br