Em artigo publicado neste espaço em 13/8/06, defendi a idéia de que pouco adianta saber se a corrupção que atinge os três Poderes na Nação – com honrosas exceções – é maior ou menor do que a do passado ou se causa mais prejuízo hoje do que ontem. O que mais me preocupou ao escrever aquele artigo foram os estragos que esse câncer moral ocasiona na juventude brasileira.

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Isso não significa um menosprezo pela dimensão econômica do problema. Estudos realizados pelo professor Marcos Fernandes Gonçalves de Souza e colaboradores chamaram a minha atenção para o quanto a corrupção compromete a produtividade do Brasil e o seu crescimento econômico (A Economia Política da Corrupção no Brasil, 2000; "How does corruption hurt growth", 2006).

Os economistas reconhecem serem controvertidas as medidas de corrupção e de produtividade. Alertando para a necessária cautela, os autores citados, estimaram a corrupção com base nos levantamentos da percepção dos agentes econômicos e a produtividade com base no quociente do PIB per capita.

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Aplicadas ao nosso país, as estimativas produziram resultados aterrorizantes. O Brasil perde cerca de US$ 3,5 bilhões por ano em decorrência de problemas criados por quem "inventa dificuldades para vender facilidades".

É muito dinheiro. Isso daria para fazer investimentos colossais na infra-estrutura, saúde, educação e segurança. No nível individual, a corrupção, em si, reduz em cerca de 43% a renda per capita dos brasileiros, concluem os autores.

Por isso a dimensão econômica tem de ser levada a sério. Há ainda efeitos econômicos indiretos e que não podem ser medidos na medida em que a corrupção vai esgarçando o tecido social, provocando a descrença nos valores éticos, enaltecendo a esperteza, cultivando a nefasta "filosofia" do rouba mas faz, e desorientando as mentes das nossas crianças e jovens.

Nada disso cabe em um modelo matemático. Mas, a minha intuição diz que seu poder destrutivo é maior do que aquilo que é "matematizável", pois diz respeito à falência moral da sociedade.

Corrupção é uma doença incurável e bastante generalizada. Mas, como o diabete, ela deve ser rigorosamente controlada, como fazem muitos países, aliás, com bastante sucesso.

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Não podemos ficar parados. Precisamos melhorar muito as nossas instituições, em especial a Justiça, para, então, se operacionalizar um programa eficiente de combate à corrupção em nosso país. Espero que os dirigentes dos três Poderes ajudem a salvar a juventude do Brasil. Se não atrapalharem, será uma grande contribuição.

antonio.ermirio@antonioermirio.com.br