De toda crise pode-se extrair boas lições e, com bom senso, encontrar novas oportunidades.
Ainda estamos na fase em que os gurus das finanças procuram adivinhar a extensão do estrago para, então, avaliar a duração da crise. Sim porque o diagnóstico está feito: a turbulência financeira resultou de condutas arriscadas dos profissionais da especulação que teimam em ganhar sem trabalhar ao jogarem com a boa-fé dos outros. Daqui para frente é saber o que precisamos fazer para continuarmos crescendo. Isso também é conhecido. Um país só progride quando produz riquezas que tenham raízes profundas. Não é o que os especuladores gostam de fazer, haja vista a debandada dos capitais estrangeiros das nossas bolsas de valores. Mas é exatamente o que os produtores sabem e gostam de fazer por possuírem a visão do longo prazo.
Nunca foi tão importante manter o ânimo de quem deseja investir em projetos que possam gerar empregos, renda e impostos por décadas a fio.
Ao governo cabe intensificar as medidas para manter o ambiente favorável aos investimentos. O controle da inflação é essencial, pois a duras penas conseguimos chegar à estabilidade da moeda brasileira. Mesmo que o dólar venha subir um pouco e afetar alguns preços da cesta de bens que determina a inflação, essa é a hora do governo adotar medidas compensatórias para evitar descontroles maiores.
Outra providência é afastar, de uma vez por todas, os empecilhos aos novos investimentos, em especial, na infra-estrutura. Nesse campo, impõe-se uma liderança firme do Poder Executivo e a colaboração tempestiva do Poder Legislativo para que os projetos saiam da gaveta e se transformem em realidade.
Com essas duas providências medidas compensatórias e destravamento dos projetos os agentes econômicos partirão para a ação, transformando a crise em oportunidade. Os produtores já demonstraram ser ágeis quando os estímulos vão na direção certa e os trabalhadores estão sempre prontos para colaborar.
O Brasil possui uma situação estratégica. A economia mundial depende muito do que acontece na China e na Índia. Esses países precisam de nossos produtos para continuar a progredir. Mesmo que haja uma pequena redução de seu crescimento, os povos precisam comer e os produtores necessitam das matérias-primas e de muitos produtos manufaturados que estamos exportando. Em suma, o Brasil tem tudo para continuar vendendo. É só estimular os que aqui produzem.
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES é empresário.antonio.ermirio@antonioermirio.com.br