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Antônio Ermírio de Moraes

Um novo Brasil para 2007

O que esperar para 2007 em matéria de crescimento econômico? As previsões oficiais são sempre otimistas e apontam para novos capítulos do prometido espetáculo do crescimento que até agora não ocorreu.

Por outro lado, o Brasil tem razões de sobra para esperar dias melhores. Entre nós, a profissão de pessimista não tem futuro. Nossos recursos são abundantes e o potencial para crescer é enorme.

Mas, não podemos confiar apenas na paixão e no amor que temos por esta grande nação e achar que o progresso virá por inércia. Nada disso. Ultimamente, o Brasil tem se arrastado com taxas de crescimento ridículas – em torno de 2,5% na média – e uma participação muito pequena no comércio internacional com cerca de 1% das exportações mundiais.

Nossa agenda de trabalho para 2007 é imensa. A primeira providência é reconhecer a existência dos problemas. A segunda é atacar cada um deles com seriedade e determinação.

O progresso de uma nação depende de investimentos, das instituições e do povo. O ano de 2006 foi marcado por uma redução dos investimentos produtivos de origem estrangeira e de uma aceleração de investimentos brasileiros em relação ao exterior – seria isto desejável?

No campo das instituições, tivemos um ano em que a polícia e a Justiça se mantiveram em cena o tempo todo, mas as decisões e as punições continuaram lentas e acanhadas. O que mais se ouviu é que vivemos no país da impunidade – o inverso do que precisamos.

Falta de investimentos e de segurança jurídica caminham juntos. Não me surpreenderia se algum estudo econométrico viesse demonstrar que a insegurança é um dos principais fatores da inibição dos investimentos.

No que tange à preparação do povo, o ano de 2006 mostrou dados desanimadores. Nas mais variadas avaliações da qualidade do ensino, o Brasil ocupou as piores posições, com um nível de analfabetismo funcional altíssimo, que se reflete na baixa produtividade do trabalho na maior parte dos setores e regiões do país.

Com esse tripé capenga, temos de nos preparar para um trabalho colossal em 2007. É claro que os problemas apontados não serão resolvidos do dia para a noite. Mas, impõe-se um primeiro passo decisivo para atacar um por um.

Muitas das mudanças serão dolorosas como, por exemplo, a previdenciária, a trabalhista e a tributária. Mas não há o que adiar. Espero sinceramente que o governo, que toma posse amanhã, ataque de frente todas elas para que, no final de 2007, possamos desejar um Brasil bem melhor aos nossos leitores.

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