Encarar 2016 não será tarefa fácil para o Brasil e certamente muita gente gostaria de pular logo para 2017 ou 2018. Injustiça com um ano que tem uma grande vantagem sobre 2015: ele dificilmente nos pegará de surpresa.
No fim de 2014, sabíamos que a economia não ia bem, que reformas eram necessárias, mas ainda havia a crença de que a nova equipe econômica colocaria o país no rumo. Falava-se em um pequeno crescimento em 2015. A inflação cairia logo em seguida, permitindo ao Banco Central baixar os juros.
Essas são ilusões que não se alimenta sobre os próximos meses. A economia ainda não parou de piorar. Ninguém acredita que o governo será capaz de arrumar suas contas rapidamente ou que a crise política sairá de cena antes da metade do ano. É grande a chance de qualquer coisa diferente ser uma boa notícia. Ou que seja algo ruim que não faça qualquer diferença.
Saímos dos últimos 12 meses com um diagnóstico melhor sobre o país. O crescimento do Estado, tomado por interesses privados e partidários, corroeu nosso potencial de desenvolvimento. Não se trata apenas de crescimento econômico, mas também de outros avanços, ditos sociais, que se arrastam pelos mesmos motivos.
Sim, a economia pode, e provavelmente vai, piorar. E ao mesmo tempo o Brasil terá de escolher uma agenda. Espero que não seja uma agenda de paralisia ou do populismo barato e que ela traga algumas coisas fundamentais:
– Um foco real na educação para que ela seja a fundação para um país mais produtivo e menos desigual. Gestores precisam ter mais liberdade e, ao mesmo tempo, responsabilidade sobre o que faz o sucesso ou o fracasso de cada estudante. O problema aqui não é falta de dinheiro.
– Fim de subsídios e desonerações que não trazem retorno em bem-estar para a população. Seria um bom começo para um ajuste fiscal de longo prazo. Um exemplo: a TJLP poderia refletir a taxa real de juros em vez de ser uma ferramenta de juros subsidiados.
– Uma revisão ampla dos benefícios sociais e previdenciários, incluindo uma idade mínima para aposentadoria (e igual para homens e mulheres) e o fim do abono salarial.
– Tornar o sistema tributário progressivo, com maior justiça econômica. Para começar, um debate sobre a ampliação de faixas no Imposto de Renda e o fim de outras renúncias fiscais.
– Maior abertura da economia. O Brasil precisa se integrar ao resto do mundo, eliminando barreiras comerciais, fechando novos acordos e revisando sua política migratória.
Em alta
O Plano Decenal de Energia mostra que a expansão da produção de eletricidade se concentrará nas renováveis, lideradas por biomassa e eólica
Em baixa
O comércio varejista teve o pior Natal em mais de uma década, com queda de 6,4% em relação a 2014 nas vendas segundo a consultoria Serasa Experian.