O Banco Central admitiu que o Brasil mais uma vez não vai atingir a meta de inflação. Em 2016. Isso com mais de um ano de antecedência. O fato foi explicitado no comunicado da última reunião do Copom e agora é provável que o trabalho se volte para 2017.
Muita gente pode aproveitar o não cumprimento da meta para desqualificá-la. Afinal, o trabalho da política monetária, que é claramente recessiva, não foi suficiente para conduzir a inflação para a meta de 4,5% ao ano. Não seria melhor o país se livrar da meta de uma vez?
Esse é o tipo de saída fácil para o fracasso. A experiência internacional mostra que um sistema de metas de inflação é capaz de garantir estabilidade porque trabalha com as expectativas de agentes econômicos. Influencia a inflação futura e permite taxas de juros menores, na média.
Não ter meta alguma (mesmo que implícita) é o pior cenário: ninguém saberia as razões das medidas tomadas pelo BC, que variariam de tempos em tempos. Outras metas, como crescimento, emprego e câmbio são alternativas possíveis, mas têm efeitos colaterais – os controles duros sobre os mercados na China são um efeito da meta de crescimento, por exemplo.
O problema do Brasil é não ter levado sua meta a sério. Na história da adoção do sistema, ficamos acima do centro da meta na maior parte do tempo. E nos últimos anos isso só foi possível porque o governo fez manobras insustentáveis, como o controle de preços de combustíveis e energia. O BC baixou os juros à força e, segundo um estudo da própria autoridade monetária, isso causou inflação. Agora, recuperar a credibilidade está se tornando uma tarefa mais difícil do que se imaginava. A crise política piora o cenário, mas ele também foi provocado pela forma relaxada como o país lidou com sua principal âncora econômica.
Aquecimento
Um estudo das universidades de Stanford e Berkeley estima que os custos econômicos do aquecimento global podem ser dez vezes maiores do que o calculado até agora. Sua abordagem é nova: os pesquisadores levam em conta as perdas de produtividade que decorrem do trabalho e da produção agrícola em temperaturas mais elevadas. Eles dizem que há uma temperatura média anual ideal, perto de 13° C, na qual a produtividade é maior. Com o aquecimento global, a tendência é que haja uma redução no quanto as pessoas e lavouras produzem, impacto que não entra nas estimativas sobre perdas com eventos climáticos extremos e adaptação da produção agrícola feitas no passado.
Libria
A Libria, aceleradora de startups de alto impacto social, abriu seu primeiro edital para o processo de pré-aceleração. A aceleradora é a primeira do Paraná com foco social e é resultado de uma parceria do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) com a Rede Mirabolics. Dez projetos serão selecionados para um período de três meses de pré-aceleração, que envolve capacitação, mentoria e relacionamento.
Câmbio
Com o dólar perto de R$ 4, pouca gente defende que o Banco Central deveria deixar a moeda brasileira se desvalorizar ainda mais. Uma explicação para isso vem de um estudo do Ibre-FGV que conclui que, apesar de estimular as exportações, a desvalorização reduz o PIB porque aumenta o endividamento de empresas que tomaram empréstimos em dólar. Com mais de US$ 300 bilhões em débitos, as companhias brasileiras têm um problema financeiro para administrar.