O sucesso da política da criação de “campeãs nacionais”, com a consolidação de setores como carnes, telefonia e TI, pode ser medido de várias maneiras, uma delas pela posição das empresas no bolo global de investimentos em inovação. O país, mesmo após tantas fusões patrocinadas pelo poder público, tem apenas seis companhias entre as mil que mais gastam em pesquisa e desenvolvimento do mundo. Só uma pode ser considerada uma novata beneficiada pela política recente de incentivos.

CARREGANDO :)

INFOGRÁFICO: Veja as conclusões da OCDE sobre o consumo de água no Brasil

O país só tem duas empresas entre as 200 que mais investem, segundo o ranking da consultoria Strategy&: Petrobras (138ª colocada) e Vale (184ª). Embraer (642ª), Totvs (905ª), Weg (952ª) e Natura (967ª) vêm na sequência. As três primeiras são empresas de outro ciclo de intervenção estatal e já são negócios consolidados. Das outras três, a Totvs se encaixa no conceito de “campeãs nacionais”. Recebeu mais de R$ 400 milhões do BNDES para bancar a aquisição da Datasul em 2008. Em 2013, foram mais R$ 658 milhões para desenvolvimento de soluções em TI. A consolidação promovida pela Totvs continua: em agosto ela anunciou a compra da curitibana Bematech por mais de R$ 500 milhões.

Publicidade

O ranking da Strategy& escancara o atraso do Brasil em criar grandes companhias inovadoras. A política industrial dos últimos anos não ajudou. Foram escolhidos setores e empresas com baixa necessidade ou capacidade inovadora e a exigência dos programas de financiamento não levaram a investimentos suficientes para o país entrar no grupo das nações mais inovadoras. Isso não quer dizer que o papel do governo tenha sido inútil na ampliação dos recursos para a área – a Finep e o próprio BNDES têm elevado a verba para projetos inovadores – mas que o grosso da política industrial se preocupou muito pouco em fazer do gasto em P&D o ponto de partida para a consolidação de grandes empresas.

em alta

Saldo comercial

É verdade que o superávit comercial de US$ 15 bilhões no ano é sustentado por uma queda acentuada nas importações, resultado da recessão. Mas os números de outubro já trazem alguns dados positivos, como o aumento nos embarques para a Argentina e na venda de veículos.

em baixa

Indústria

A indústria ainda não encontrou seu piso e sua retração continua em aceleração. Agosto foi o 14º mês seguido de contração do setor na comparação anual e o setor hoje produz menos do que há uma década. No ano, a queda já passa de 7%.

Crédito

A Caixa Econômica já trabalha com uma probabilidade alta de ter de elevar os juros do crédito imobiliário no ano que vem. Isso nas linhas que hoje dependem da poupança, cujos saques devem continuar enquanto a taxa básica de juros continuar alta. Como alternativa aos recursos da poupança, o banco está oferecendo letras de crédito imobiliário ao mercado, pagando algo bem próximo dos 14,25% ao ano da Selic. Essa taxa está descasada das linhas da Caixa, que oferece juros entre 9,3% e 9,9% ao ano. As linhas do FGTS terão os juros baixos garantidos.

Publicidade

Opet

A preocupação com a aplicação da Lei Anticorrupção levou um grande banco a praticamente fechar uma turma inteira do MBA em Governança, Risco e Compliance da Opet. A própria criação do curso veio de uma demanda identificada em empresas que estão olhando com atenção os desdobramentos da Operação Lava Jato e identificaram os riscos associados ao descumprimento da nova legislação.

Muffato

O Muffato investiu R$ 10 milhões para reformar sua loja do Portão e, com isso, incluiu algumas comodidades, como uma adega para 800 rótulos, e melhorias em sua praça de alimentação. O investimento é uma aposta na mudança do perfil do consumidor, que ficou mais exigente nos 13 anos desde a inauguração da loja.

Neodent

A Neodent, empresa com sede em Curitiba especializada na produção de implantes dentários, fechou seu processo de abertura de filiais na América Latina. A companhia tem agora escritórios na Argentina, México e Colômbia. Cada um é responsável por atender, além do país-sede, seus vizinhos. A internacionalização da Neodent se acelerou depois de sua aquisição pela suíça Straumann, que entrou como sócia em 2012 e assumiu o controle em abril deste ano. A meta é aumentar as exportações de 10% do total de vendas para 50% em uma década.

<p> </p>