O governo federal se prepara para vender os anéis para bancar o ajuste fiscal. É a forma que encontrou para pegar alguns trocados no mercado. Está na pauta a venda de parte da BR Distribuidora, do Instituto de Resseguros do Brasil, do braço de seguros da Caixa, entre outros pedaços da Eletrobras e da Petrobras. Com a corda no pescoço, o governo admite que o mercado é um bom companheiro.
GRÁFICO DA SEMANA: os países e empresas com mais pedidos de patentes
A onda de privatização é quase uma boa notícia. Pode melhorar o controle sobre essas empresas, embora o caso da Petrobras mostre que, mesmo com sócios privados, o agente público pode desviar recursos. Mas ainda vale o seguinte argumento: se em uma empresa avaliada pelo mercado é assim, imagine como funcionam as tantas estatais de capital fechado criadas nos últimos tempos.
No Paraná, a informação de que o governo venderia partes da Sanepar e da Copel foi prontamente desmentida. Seria uma chance, por exemplo, de a Sanepar reduzir o número de vagas em seu conselho distribuídas por critérios políticos. Para quem não gosta desse argumento, a estatal deu um exemplo de como ser controlada e regulada pelo mesmo agente é um problema. Pediu aumento extraordinário porque a energia elétrica subiu e quem avalia o pedido é o Instituto Águas do Paraná, do governo do estado. Enquanto isso a Copel distribui geladeiras com 45% de desconto, com um anúncio em azul e amarelo – nada é por acaso.
A guinada liberal liderada por Brasília abre um novo momento para o país aprofundar o debate sobre o papel do Estado. Nenhuma empresa pública criada na última década dá lucro. Aventuras como a recriação da Telebras custam caro e não resolvem nós da produtividade, como educação de qualidade e um melhor ambiente de negócios.
Ibema
Aproveitando o câmbio favorável, a fabricante de papel-cartão Ibema aproveitou o primeiro semestre para entrar no mercado boliviano. Embora uma economia pequena, a Bolívia cresce a um ritmo de 5% ao ano e vem chamando a atenção de exportadores. No caso da Ibema, o país já representa 5% das exportações – a companhia deve fechar o ano direcionando 25% das vendas para o mercado externo. Com fábrica em Turvo, a Ibema produz anualmente 90 mil toneladas de papel-cartão.
Água
A Sanepar fez o que todo empresário gostaria de fazer: pediu para repassar imediatamente ao preço de seus serviços o custo maior com energia. Mesmo sem ter problema de caixa, a estatal não quer esperar a data do reajuste anual, como todos os serviços controlados.
Quanto falta?
Grécia
A Grécia foi o primeiro país mais ou menos desenvolvido que deu um calote no Fundo Monetário Internacional. Dependendo do resultado do plebiscito que será feito neste domingo, o país pode até sair da zona do euro.
Em relatório, os analistas do banco Itaú tentam estimar quanto falta para o ajuste fiscal chegar ao ponto de estabilizar a dívida pública. O caminho ainda é longo. Nas contas do banco, o ideal seria um ajuste de 5% do PIB, partindo do déficit primário de 0,6% do PIB no ano passado e para se chegar a um superávit primário de 2,5% do PIB. Na matemática mais simples, o esforço fiscal seria de 3,1% do PIB, mas o relatório lembra que houve receitas extraordinárias (como o Refis) em 2014 (0,6% do PIB).Também entram na conta o menor crescimento da economia, que limita a receita, e o aumento constante dos gastos de despesas obrigatórias. Até agora, dos 5%, foram feitos só 1,8%.
HSBC
Nos últimos dias, a vice-prefeita de Curitiba, Mirian Gonçalves, teve reuniões em Brasília com o ministro do Trabalho, Manoel Dias, com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e com o presidente do Cade, Vinicius Marques de Carvalho. Na agenda, a provável saída do HSBC de Curitiba. A causa que motivou Mirian – evitar o fechamento de vagas de trabalho na cidade – tem pouca chance de prosperar. Por mais que haja restrições à concentração bancária, qualquer um dos três grandes bancos privados do país pode levar os ativos do HSBC sem muitos problemas. As propostas de compra serão entregues nesta segunda.
Copel
Nesta semana vence a concessão da Usina Hidrelétrica Parigot de Souza, que pertence à Copel. É a maior da companhia a voltar oficialmente para as mãos do governo federal, que vai licitá-la em setembro em um pacote de usinas retomadas das concessionárias. A usina tem capacidade de gerar 260 MW e a Copel já anunciou que tem interesse em participar do leilão para continuar a geri-la. A estatal terá de aceitar um preço bastante baixo para a energia que será produzida ali.
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