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Olhe para o Pacífico

O comércio internacional poderá ser completamente remodelado nos próximos anos com a provável assinatura da Trans-Pacific Partnership (TPP), o maior acordo comercial em negociação no mundo, envolvendo os Estados Unidos e pelo menos outros 15 países. O Brasil deveria olhar com atenção para dois fatos da TPP: ela envolve países da América Latina que estão descolando do resto da região; o presidente dos EUA, Barack Obama, recebeu autorização para negociar sem precisar consultar o Congresso.

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A autorização dada a Obama sinaliza a disposição dos EUA de fazer acordos e dar impulso ao comércio global. É muito provável que as negociações agora avancem rapidamente, abrindo uma oportunidade imensa para os países que entrarem no jogo. O Brasil, infelizmente, é espectador. Estamos há anos insistindo em negociações intermináveis com a União Europeia, sempre dificultadas pela resistência dentro do próprio governo (que deixou o acordo em banho maria) e pela contrariedade da Argentina. Preso ao Mercosul, não bastaria ao Brasil ter vontade política para negociar.

Enquanto isso, nossos vizinhos fazem acordos e se conectam ao resto do mundo. Não por acaso, o Chile já tem uma renda per capita 50% maior do que a brasileira. O México, com um movimento de reforma interna, cresce mais que o Brasil. Eles estão sendo seguidos por Colômbia e Peru – os quatro estão entre os 40 melhores países para se fazer negócios, enquanto o Brasil está na 120ª colocação, segundo o Banco Mundial. A abertura comercial é um dos aspectos importantes para um bom ambiente de negócios, diga-se.

A herança dos tempos da substituição das importações no país ainda é muito forte e precisamos abandoná-la. Não existe hoje economista sério que defenda o aumento de barreiras comerciais como saída para o desenvolvimento.

Providência

Ainda sem chegar a um acordo com os acionistas minoritários, a Companhia Providência viu seu prejuízo aumentar nos primeiros meses deste ano. As perdas foram de R$ 1,8 milhão no primeiro trimestre de 2015, contra R$ 1,6 milhão no mesmo período do ano passado. O prejuízo cresceu mesmo com a melhora na margem bruta, que cresceu de 24,2% para 28,7% no mesmo período. A Providência foi comprada pela norte-americana PGI no ano passado e vem tentando concluir uma oferta pública para adquirir as ações dos minoritários para sair da bolsa. O processo, porém, acabou em uma disputa sem fim sobre o valor a ser pago.

Sulista

A empresa de logística Transportadora Sulista, que tem sede em Curitiba, precisou diversificar seus serviços para contornar a crise no setor automotivo e manter um crescimento de 10% ao ano. Em 2013, 98% do faturamento vinha desse segmento. Com o esfriamento nas vendas de veículos, a participação do segmento automotivo caiu para 62%, que passou a ser complementado pelo metal mecânico (31%) e outros mercados (7%). Um dos destaques deste ano foi a entrada no setor madeireiro.

Setor automotivo

Não podemos dizer ainda que o setor automotivo chegou ao fundo do poço, mas uma coisa é certa: a recuperação será lenta. Em entrevista na semana passada, o presidente da Volkswagen no Brasil, David Powels, estimou o tempo de retomada da indústria em cinco anos. A demanda do setor deve ficar em 2,7 milhões de unidades neste ano. Se a previsão da Volks estiver certa, em 2020 estaremos de volta aos 3,6 milhões de 2013. Pouco para uma indústria que chegaria a 5 milhões de unidades, segundo projeções feitas dois anos atrás.

Sorte?

Para o governo, a recessão virou a cura para todos os males. A crise energética saiu do radar porque a indústria está produzindo, e consumindo, menos. A projeção de inflação para o ano que vem está quase na meta porque não existe pressão de demanda. As contas externas estão entrando nos eixos porque o país importa menos. Até a falta de mão de obra está solucionada com o desemprego em alta. Essa ironia poderia ter sido evitada, uns três ou quatro anos atrás.

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