A gestão da ex-presidente Dilma Rousseff foi catastrófica para a economia. A combinação de política fiscal relaxada com interferência direta em setores econômicos não trouxe a promessa de crescimento com estabilidade. Chegamos muito perto de perder o controle – o cenário de estagflação do ano passado fez com que alguns economistas duvidassem que seria possível vencer a inflação com os juros mais altos.

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Mas o país venceu a inflação. É o primeiro “abacaxi” deixado por Dilma que o país superou. Na semana passada, quando o Copom reduziu a taxa básica de juros em um ponto percentual, a mensagem foi a de que a meta inflacionária está garantida. É hora de passar para a próxima missão e superar o longo período de juros básicos de dois dígitos.

A lista de consertos ficou mais curta. A inflação sob controle melhora a perspectiva para quem planeja investir ou poupar. Evita a corrosão dos salários e, com isso, traz de volta a perspectiva de aumento na renda.

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Nem todos os consertos necessários virão naturalmente. É verdade que, a partir da queda de juros, podemos esperar uma melhora nos investimentos e, por consequência, o estancamento no crescimento do desemprego. O país também está saindo da recessão e pode fechar o ano crescendo.

Há outros problemas, porém, que levarão mais tempo. O desequilíbrio no setor de crédito, causado pela presença alavancada do BNDES e dos outros bancos estatais, vai demorar mais alguns anos para ser revertido. Um passo importante nessa direção foi a decisão de convergir a taxa de longo prazo com a taxa paga por títulos públicos. Muita gente reclamou do fim desse subsídio. A mensagem da equipe econômica foi incisiva: os juros têm de baixar para todos e não só para quem tem acesso ao banco.

A revisão para cima da previsão de déficit para o ano que vem mostra que o equilíbrio das contas públicas vai levar anos. Mesmo com o teto de gastos, um instrumento forte de controle das contas públicas, o déficit primário só será revertido dentro de quatro anos. Depois disso, o país terá de construir superávits primários até estancar o crescimento da dívida pública, ali por 2023, 2024. Será o período crucial para o Brasil consolidar taxas de juros mais baixas. Erros nesse caminho vão fazer com que tenhamos de esperar mais para viver em um país normal.

Há um abacaxi econômico que não é obra só de Dilma. Como mostram as delações da Odebrecht, há décadas o país paga uma taxa para manter sua classe política. É um movimento que concentra renda, diminui nossa competitividade e reduz o crescimento. A corrupção torna os investimentos mais caros do que deveriam ser, e políticos e empresas com acesso a eles mais ricos do que deveriam.

A punição dentro da Lava Jato é um passo no processo de construção de instituições mais resistentes e que servem melhor aos interesses públicos. Mas não resolve sozinha. Será um processo mais longo do que qualquer outro.

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Em alta

Azul

A companhia aérea entrou na bolsa de valores movimentando R$ 2 bilhões. Na estreia, os papéis fecharam em alta de pouco mais de 6%. É a terceira empresa do setor na bolsa.

Em baixa

Juros

O Comitê de Política Monetária acelerou o ritmo de redução dos juros. O corte de 1 ponto percentual foi o maior em oito anos. A expectativa do mercado é que haverá mais cortes até o fim do ano.