Manoel é um profissional que sempre se relacionou bem com seus colegas de trabalho e sempre foi conhecido por ser o "cara" bem-humorado da empresa, o que lhe rendeu algumas vantagens perante, até, seus superiores. Por trabalhar com estratégias de mercado, sempre conseguiu exercer bem o seu marketing pessoal, cultivando sua rede de relacionamentos e sendo sempre cortês com as pessoas, seja lá de qual nível hierárquico ela fosse.
Certa época, quando trabalhava numa grande empresa de telefonia, Manoel tinha como sua gerente uma mulher muito intransigente. Diana sempre queria que a sua decisão fosse acatada. Por possuir um cargo de chefia, não admitia levar um "não" como resposta e tratava seus colegas, fossem eles pares, subordinados ou superiores, sempre com muita arrogância. Tudo tinha que ser do jeito dela, pois, se não fosse, seus colegas eram obrigados a conviver por dias com seu mau-humor insuportável.
Por causa desse temperamento difícil, Diana ganhou como recompensa a antipatia geral da empresa. Todos os favores de que ela precisava eram sempre deixados por último, pois seus colegas sempre davam prioridade para as outras pessoas. Certos setores chegavam a esperar o último dia dos prazos estipulados, só para não atendê-la de forma satisfatória. Seus processos foram, cada vez mais, tornado-se inviáveis por causa da demora para conclusão.
Enquanto isso, Manoel era bem quisto por todos e sempre conseguia as coisas da melhor maneira possível e em tempo recorde, o que gerava certo ciúme de sua chefe. Era tão evidente esse apreço das pessoas por Manoel que Diana achou uma forma meio desonesta de conseguir seus objetivos: lhe pedia sempre que cobrasse os fornecedores por ela, pois sabia que a Manoel eles atenderiam. Porém, os créditos dos trabalhos eram seus, enquanto ele ficava apagado na história.
Mesmo assim, ela não conseguiu ofuscar o trabalho de Manoel, e ele foi, cada vez mais, aumentando sua rede de contatos e, o que é melhor, com seu carisma, foi conquistando amigos e admiradores por onde passava. Sempre que alguém queria um contato lá dentro da empresa, lembravam logo dele, pois sabiam que com ele podiam contar. E ele não fazia distinção, tratava com a mesma simpatia a todos, desde o porteiro até o CEO da empresa.
Mas o mais curioso desta história é a forma com que ela se encerrou. Acredito que agora você deve estar pensando no desfecho óbvio: Diana foi demitida e Manoel foi promovido, passando a ocupar o seu lugar. Mas não foi bem isso que aconteceu. Diana foi demitida sim, afinal ninguém mais suportava seu jeito duro de ser. Porém, Manoel também saiu da empresa. A diferença entre os dois foi que Diana ficou dois anos desempregada, procurando sem sucesso por uma nova colocação. Já Manoel saiu, na verdade, porque ele foi indicado por um fornecedor a uma outra grande empresa de telefonia. Lá, em seu novo emprego, ele passou a ocupar um cargo de gerência e hoje, com muitos novos contatos em sua rede de relacionamento, responde pela coordenação de marketing de uma importante consultoria do Sul do Brasil.
Nos dias de hoje, em que as questões comportamentais são fundamentais num processo seletivo, fica claro que arrogância não tem mais vez. As empresas não buscam mais por profissionais duros, secos e grosseiros, mas sim por aqueles que são maleáveis e conseguem se relacionar bem com todos os setores da empresa. E o mais admirável disso tudo é que Manoel é assim, independente de onde ele esteja, no trabalho, no restaurante, na academia, enfim. Certamente é por isso que é sempre atendido prontamente em suas solicitações e lembrado por muitos decisores de importantes empresas.
Mande sua história para coluna@debernt.com.br ou entre em contato pelo número 41 3071-5827.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Ataque de Israel em Beirute deixa ao menos 11 mortos; líder do Hezbollah era alvo