Ouvi, certa vez, que nos distanciamos dos animais pela capacidade de abstração, de dar asas à imaginação. Essa característica é a diferença entre a nossa inteligência e a dos seres irracionais. Então, se isso é de conhecimento geral (ou pelo menos da grande maioria das pessoas), gostaria de entender as razões que levam alguns gestores a ignorar esse fato e a tolher a criatividade de suas equipes.

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Talvez por falta de conhecimento, ou de coragem para estimular indagações, os gestores assumiram a função de capatazes, dando ordens, exigindo resultados e controlando o desempenho de seus colaboradores. Estes ignoram, completamente, o discernimento e a maturidade das pessoas à sua volta. Poucos, ainda, incentivam a análise crítica, ou se satisfazem quando idéias novas são sugeridas por alguém de sua equipe. E, embora a literatura e a mídia informe sobre os inúmeros benefícios de uma postura aberta (que permite a criatividade), muitos gestores – presentes em empresas de todos os portes – mantêm a atitude retrógrada de gerir sem permitir questionamentos.

Essa postura é nociva tanto para os colaboradores, que se sentem estressados e desmotivados, como para a própria organização, que fica estagnada com os mesmos procedimentos e as mesmas posturas, sem participar do dinamismo do mercado.

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Compreendo que, na prática, estimular a criatividade seja algo etéreo e pouco lucrativo, pois envolve tempo e exige o envolvimento de toda a organização. No entanto, os resultados obtidos com o envolvimento de equipes mais livres para opinar e para apresentar mudanças é surpreendente. Os colaboradores, quando sentem que suas idéias são incentivadas e valorizadas, apresentam comprometimento maior do que aqueles que são pagos, somente, para obter resultados práticos e palpáveis. O lucro, em ambos os casos, é certo. Todavia, quando a criatividade está envolvida no processo, os ganhos a longo prazo são mais significativos. A explicação, como já mencionei, está na capacidade de abstração do homem que, quando estimulada, não conhece limites. Por ser uma espécie complexa, o humano sente-se bem ao ser desafiado e esforça-se para vencer as provas impostas. Em razão disso, o estímulo intelectual é uma das ferramentas mais eficazes para os gestores, que se soubessem utilizá-la, conseguiriam resultados grandiosos de produtividade e de motivação.

E, quanto mais aprendo sobre os benefícios do estímulo intelectual, mais me surpreendo ao perceber que as organizações ainda constroem suas estruturas baseadas em fórmulas antigas, em que o profissional é um objeto de produção, sem vontades, sem necessidades, sem sonhos ou opinião. Os modelos enferrujados de gestão ainda estão por aí e ignoram a voz de seus colaboradres – quanto mais as suas idéias!

Talvez algumas organizações ainda acreditem que, se derem espaço para que os pensamentos de seus empregados ecoem por suas paredes, elas possam ruir. E pode ser que isso aconteça, de fato, pois essas empresas têm sua base na servidão e no medo. Nelas, acredita-se que se o colaborador diz o que pensa sobre determinado processo retrógrado, ou expõe sua opinião sobre certa cultura organizacional, ele pode estimular outras perguntas sobre o sistema, outras idéias novas e, portanto, estimular a mudança – algo insuportável para organizações ultrapassadas.

Assim, a capacidade de abstração dos homens, continua a ser utilizada, somente, em pesquisas acadêmicas, como linha divisória entre ele e os animais, uma vez que as empresas não são fomentadoras do pensamento crítico.

Outra questão é a de que a criatividade é ainda relacionada ao tempo livre, aos momentos sociais, pois no ambiente de trabalho ela é tida como ameaça, enquanto foge aos padrões estabelecidos, aos manuais e aos memorandos.

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Quem sabe um dia, os gestores perceberão que não há nada de ameaçador em colaboradores pensantes e imaginativos, assim como o sucesso das organizações está atrelado à capacidade intelectual das pessoas que a formam.

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Eucação e cultura para todos

A Rede Fiat de Cidadania realiza, há três anos, o programa Árvore da Vida no bairro de Jardim Teresópolis, em Betim, um dos mais violentos da região metropolitana de Belo Horizonte. O programa busca resgatar os jovens vulneráveis aos diversos problemas sociais da comunidade localizada perto da fábrica da Fiat Automóveis. Por meio de atividades que focam, de um lado, a alfabetização e o crescimento socioeducativo (com aulas de dança, música e esportes) e, de outro, a formação profissional, com foco na geração de trabalho e renda a partir de uma cooperativa com oficinas de silk, corte e costura e artesanato, o Árvore da Vida contribui para a formação de cidadãos protagonistas do desenvolvimento socioeconômico de sua comunidade.

Mais de 1.600 crianças e adolescentes foram beneficiados pela iniciativa e em março deste ano, foi lançado o Cine Jardim, que visa a levar cultura e entretenimento ao Jardim Teresópolis. Até o fim de 2007, o projeto vai proporcionar à comunidade sessões de cinema, bate-papo entre atores, diretores e a comunidade, além de oficinas de áudio e vídeo culminando com a produção, pelos próprios moradores do bairro, de documentários e curtas-metragens.

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Esta coluna é publicada todos os domingos. O espaço é destinado a empresas que queiram divulgar suas ações na gestão de pessoas e projetos na área social, bem como àquelas que queiram dividir suas experiências profissionais. A publicação é gratuita. As histórias publicadas são baseadas em fatos reais. O autor, no entanto, reserva-se o direito de acrescentar a elas elementos ficcionais com o intuito de enriquecê-las. Currículos para www.debernt.com.br. Contato: Bekup Comunicação, fone (41)3352-0110.