Na virada do ano me questionei repetidas vezes sobre a força que um indivíduo teria para, sozinho, modificar tudo à sua volta. Se poderia, com uma atitude singela, alterar a situação vigente e colaborar para a melhoria da sociedade. Essa pergunta surgiu, sobretudo, em uma recente visita à um grande centro turístico do Brasil, onde tive a oportunidade de passar dias relaxantes à beira-mar.
A calmaria de minhas férias foi rompida, somente, por esse questionamento interno, que não consegui calar. A beleza natural que me cercava e me encantava destoava enormemente da poluição sonora, da desorganização no trânsito, da pobreza da população local, do caos urbano.
As ruas esburacadas, as calçadas repletas de lixo e a iluminação pública precária denunciavam uma administração municipal ruim, herança de diversos políticos corruptos, sem interesse coletivo. Mas isso não é novidade! O que me chocou, de fato, foi perceber que os moradores daquele lugar estavam acostumados com a falta de estrutura, com a bagunça generalizada e que isso, para eles, é sinônimo de irreverência, de liberdade.
Então, comecei a perceber outros detalhes interessantes no comportamento das pessoas naturais da cidade, como o fato de estacionarem os carros sobre as calçadas, na certeza de que não haveria multas; ou jogar lixo na praia, mesmo que esta possuísse lixeiras adequadas por toda a extensão da areia; não respeitar filas ou dar atendimento preferencial aos idosos e gestantes; demorar em atender um freguês em uma loja ou restaurante e ser displicente em todo o tratamento despendido; entre outros comportamentos nocivos para a manutenção do sistema.
Não pude deixar de lembrar do ditado que diz: "Todo povo tem o governante que merece!" Será? Na ocasião, fiquei bastante incomodado com este pensamento e questionei alguns moradores sobre a situação da cidade em que vivem. Perguntei-lhes se não se sentiam aborrecidos, ou até revoltados com a desorganização e a falta de segurança. E fiquei ainda mais perplexo quando me responderam que "não é tão ruim quanto parece", e que "a propaganda negativa vem da mídia".
Será mesmo que a gente se acostuma com o feio, com o sujo, com o errado? Será mesmo possível que nada poderia ser feito para modificar a situação deplorável em que se encontra aquela e outras cidades de nosso país? Se não por vontade política, então que seja por força da sociedade civil organizada, que, junta, consegue modificar e melhorar o meio.
Então, cheguei ao ponto a que me referi no início desse artigo: é possível mudar o mundo com um simples gesto? Eu acredito que sim! Que se cada um de nós fizer a sua parte, já é o suficiente para influenciar um parente, amigo, um vizinho, e assim por diante. Acredito que, por menor que possa parecer uma atitude, ela pode significar muito no contexto geral, pois se pensarmos o lógico, o óbvio de que se cada um fizesse da melhor forma aquilo que lhe é responsabilidade, nada seria bagunçado, atribulado, caótico.
Mas o que presenciamos hoje é um distanciamento da responsabilidade de ser cidadão. Quero dizer que as pessoas se acostumaram com a falta de retorno do poder público e, por isso, já não cobram mais dos políticos, nem das autoridades locais. Pensam: "Não adianta me envolver, pois nada muda. Incomodar-me não fará a diferença." Mas faz diferença sim! Se todos nós reclamarmos por algo estar errado, torto ou desorganizado, adianta! Se cobrarmos, sempre, das autoridades, adianta! Mas temos que fazer também a nossa parte, ou seja, pensar coletivamente, sermos responsáveis nas nossas funções diárias, mostrarmos comprometimento com tudo que nos diz respeito e, sobretudo, respeitar os outros.
Assim, desejo para este início de 2009 mais envolvimento de todas as pessoas para que possamos, juntos, fazer uma sociedade melhor!
Menos fumaça, mais saúde
O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Energias Renováveis Ider, de Fortaleza - CE irá beneficiar 22 mil famílias do interior cearense com uma nova tecnologia até o fim de 2009. Com o intuito de diminuir as mortes e problemas respiratórios causados pela fumaça dos fogões à lenha que vitimam 1,6 milhão de pessoas por ano, o Instituto desenvolveu os fogões ecoeficientes que reduzem em até 60% o consumo de lenha e acabam com o problema da fumaça dentro das residências.
Além de diminuir a emissão de fumaça, os fogões também auxiliam na renda das famílias da região, pois os pedreiros dos próprios municípios ganham treinamento e para cada unidade construída recebem R$ 20.
Há dois anos os fogões vêm sendo instalados em residências de Itapipoca, Trairi e Pentecoste, no Ceará. Até o momento, mais de 5 mil famílias já foram beneficiadas.