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Capital humano

Inferno astral

Não sou nenhum guru e nem acredito muito nessas coisas de astrologia. Mas, às vezes, escuto histórias que me fazem duvidar até das minhas próprias crenças em relação ao que chamam de inferno astral. Creio que, se isso existe mesmo, é algo parecido com o que aconteceu com Silvana, uma conhecida minha que passou recentemente por uma série de obstáculos na vida.

Silvana sempre foi uma pessoa invejada no seu meio social. Jovem, trabalhava na área comercial e parecia ter uma carreira relativamente promissora, com um salário razoavelmente bom. Tinha um bom marido, que possuía um emprego com salário ainda melhor que o dela, o suficiente para mantê-los num nível social confortável, até mesmo porque moravam junto com o pai viúvo dela, que também contribuía com as despesas da casa. Para completar o perfil de uma família feliz, o casal tinha um filho de 13 anos, para o qual pensavam o futuro e dedicavam todas as suas conquistas.

Durante anos, Silvana viveu feliz com sua situação e, por considerá-la estável, não se preocupou com sua formação técnica, preocupando-se apenas em adquirir experiência em vendas, e não nego que isso ela tem bastante. Porém, tenho certeza que ela não imaginava o que estava por vir e, possivelmente por isso, não foi em busca de uma formação acadêmica e, tão pouco, de outros atributos que preenchem um currículo considerado ideal para um profissional almejado pelo mercado de trabalho.

Seu "inferno astral" começou quando seu pai arrumou uma nova namorada e decidiu-se mudar para o Nordeste. A princípio, isso não causou muito efeito, afinal continuava com seu emprego e respaldada pelo marido. Entretanto, com a crise que nos assola no momento, a empresa em que Silvana trabalhava resolveu fazer cortes, e os primeiros foram, justamente, aqueles que não possuíam o tal currículo dos sonhos. Mesmo assim, Silvana não se desesperou, afinal, tinha o marido para lhe assegurar, enquanto procurava com calma um emprego à altura do antigo.

Mas, quando menos esperava, seu marido também foi demitido. E, ao invés de unirem forças para reverter a situação, ele decidiu deixá-la e começar uma nova vida sozinho.

Silvana se viu no olho do furacão. Sem pai, sem marido, sem emprego e com uma casa para sustentar e um filho para criar. No princípio, ela se perguntava o que fazer para dar a volta por cima. Mas, exatamente por tudo que aconteceu, sabia que não podia ficar de braços cruzados, esperando a tempestade passar. Porém, mesmo com anos de experiência em vendas, Silvana possuía a pior das desvantagens competitivas: a falta de formação superior.

Fico me perguntando o que fazer para ajudar Silvana, porém sei que é difícil e já a conscientizei disso. Entretanto, o que considero mais importante agora é que ela busque a força interior que possui para enfrentar essa má fase da melhor forma possível. Ela precisa acreditar que pode e, mesmo possuindo alguma desvantagem, ter a consciência de que possui outras vantagens. Depois disso, aproveitar ao máximo sua rede de relacionamento que, com certeza, é ampla. Dali podem surgir bons negócios, e é por isso que é importantíssimo cultivar nossos contatos. É hora também de distribuir seu currículo e mostrar aos quatro cantos que ela existe e que tem muita coisa a oferecer. E, por último, expor-se o quanto puder: freqüentar eventos e conhecer os principais decisores das empresas que lhe interessam.

Seguindo esses passos básicos, tenho certeza de que Silvana, determinada como é, logo achará a solução para seus problemas e o tão necessário emprego. A ela, desejo sorte e, principalmente, juízo quando encontrar seu novo emprego. Espero que ela entenda a importância do ensino superior formal e invista nisso, logo que puder.

Mande sua história para coluna@debernt.com.br ou entre em contato pelo telefone 41 3071-5827.

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