Fernando atuava na iniciativa privada como administrador e especialista na área financeira. Possuía um cargo excelente em uma indústria de plásticos, que conquistou com muito trabalho e competência. Trabalhava duramente e recebia um salário alto, que compensava seu esforço e dedicação à empresa. Gostava do ambiente organizacional e sentia-se valorizado e respeitado pelos colegas, além de gozar de uma interação ímpar com o chão de fábrica.
Por essas razões, amigos e conhecidos estranharam a decisão de Fernando de deixar a empresa e iniciar outra atividade, dessa vez na esfera pública. O executivo conheceu, em uma de suas viagens de negócios, um político renomado, de grande poder e influência local. Conversaram longamente sobre diversos assuntos e, após o encontro, mantiveram contato por alguns meses antes de Fernando receber o convite para ingressar na equipe do parlamentar.
Foi uma decisão difícil para o profissional, que até então nunca havia se imaginado em um emprego público. Mas antes de aceitar a proposta, ele avaliou todas as variáveis e todos os desafios que deveria vencer. Então, quando concordou em mudar de carreira, o fez com consciência e tranqüilidade. Assim, Fernando deixou a iniciativa privada para trabalhar para o governo do estado, com a certeza de que aprenderia muito com a experiência. Seu padrinho, em contrapartida, acreditava que o executivo ajudaria muito na melhoria dos resultados apresentados, pois ele possuía uma bagagem diferente e uma dinâmica acelerada.
Desse modo se deu a mudança na carreira de Fernando, que, inicialmente, teve dificuldade em se adaptar aos procedimentos de trabalho e à velocidade das respostas do setor público. Ele estava habituado com maior rapidez e cooperação da equipe, algo que não encontrou nos primeiros meses. No entanto, não desistiu e, aos poucos, impôs seu ritmo e metodologia de trabalho no novo ambiente. Treinou novos profissionais e estabeleceu metas ousadas, com cronogramas realistas e responsáveis. Seus resultados começaram a aparecer em pouco tempo, e seu padrinho não pôde conter-se com tamanha satisfação. Derramou-se em elogios e fez ainda mais planos para o futuro, contando sempre com o auxílio de Fernando.
Passaram-se 15 anos. Fernando aprendeu tudo o que havia para saber do setor público. Já não eram mistério para ele os trâmites, conchavos, contatos e métodos utilizados. Com uma remuneração alta e estabilidade no emprego, ele fazia planos para a aposentadoria.
Porém, um infortúnio fez com que Fernando refizesse seus projetos profissionais mais uma vez. Seu padrinho político faleceu bruscamente e ele perdeu o cargo de confiança do qual gozava. Tentou, em vão, novos postos com parlamentares conhecidos. Fez diversas ligações, reuniões e almoços para tentar outro cargo, mas não obteve sucesso. Então, sem mais alternativas, voltou-se para a iniciativa privada. Mas aí também não teve êxito. Durante o período em que permaneceu na esfera pública, Fernando desligou-se completamente da outra. Não manteve contato com ex-colegas ou ex-superiores. Não freqüentou congressos ou palestras da área, desligou-se das entidades vinculadas à sua classe anterior e não enviou notícias suas para pessoas do "antigo" mundo ao qual pertenceu.
Ao retornar, não foi lembrado por mais ninguém. Além disso, não conseguiu comprovar que estava atualizado em relação às necessidades e inovações do setor privado, uma vez que só se dedicou às questões do governo. Fernando, agora, está disposto a aceitar um cargo menor, com remuneração bastante inferior às anteriores, pois não se encontra em posição de escolha ou de decisão. Pensa somente na sua sobrevivência.
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Tentar novos rumos na carreira é bastante sadio e enaltecedor, se bem planejado. Mudar de empresa, de cargo ou de profissão é válido se o profissional acredita que será mais feliz. Porém, é preciso precaver-se contra os infortúnios do mercado, como a perda do novo emprego, por exemplo. Por isso, o profissional precisa construir uma rede forte de relacionamentos, que vai apoiá-lo nos momentos difíceis. Para tanto, é preciso se manter atualizado sobre o mercado e continuar informando às pessoas sobre seu universo profissional, bem como sobre suas conquistas e realizações. Não importa se a mudança ocorre dentro da iniciativa privada ou da esfera pública. Em ambos os setores é necessário manter o mesmo profissionalismo e a network conquistada no decorrer da carreira.
Saiba mais
Impulso ao artesanato
A associação de artesãos da cidade de Coronel Vivida (PR) ganhou um incentivo para melhorar a qualidade de seus produtos e dinamizar a economia local: um projeto de geração de renda coordenado pela ONG Design, Inovação e Arte (DIA), em parceria com a prefeitura e o Sebrae. O objetivo é orientar os artesãos para que eles possam não só aprimorar seus artigos, mas desenvolver novos itens para seu portfólio. A expectativa é de que estes sejam inspirados principalmente em ícones apresentados à turma em explanações sobre a história e a cultura da região. A associação é formada, em sua maioria, por mulheres que fazem trabalhos em crochê, bordado, biscuit, bijuterias e pintura em tecido. O projeto prevê a realização de oficinas de criação, que incluem exercícios práticos, observação de campo e dinâmicas que visam ao fortalecimento do grupo, e o apoio na comercialização dos produtos e no acompanhamento dos resultados.
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Esta coluna é publicada todos os domingos. O espaço é destinado a empresas que queiram divulgar suas ações na gestão de pessoas e projetos na área social, bem como àquelas que queiram dividir suas experiências profissionais. A publicação é gratuita. As histórias publicadas são baseadas em fatos reais. O autor, no entanto, reserva-se o direito de acrescentar a elas elementos ficcionais com o intuito de enriquecê-las. Contato:coluna@circulodoemprego.com.br, ou (41) 3352-0110. Currículos: cv@debernt.com.br