Roda de conversa, amigos intelectualizados, assuntos amplos e dogmáticos e solto a frase: sou católico, aliás, sou muito católico e não vacilo dois segundos.
Pergunta o professor Arthur, o que é muito católico? "Você freqüenta reuniões, participa das atividades da Igreja? Dedica parte do seu tempo aos outros, ajuda na missa? Afinal, qual a diferença entre católico e muito católico?" Boa pergunta, vou responder surpreendendo.
Gosto de política e futebol. Ambos marcaram minha vida. Pois bem, gostaria imensamente de ser senador da República, tive até chance com um convite do Alvaro Dias para ser seu suplente.
Quando se elegeu governador, depois de quatro anos no Senado, ficaram quatro anos para seu substituto, na época, o Leite Chaves. Vida que passa, não devemos lembrar os erros que não se repetirão mais. Então por que sou muito católico?
Exemplifico: se me fosse oferecido um mandato de senador, mais 150 milhões de dólares em dinheiro vivo, uma mansão em Florença na Itália, outra na Sardenha e, por fim, um apartamento em Londres, para mudar de religião, não aceitaria.
A resposta daria em segundos: obrigado, não quero. Isto é o que chamo de muito católico. Creio absolutamente na minha religião. Vacilo zero, nem um segundo, e rezo sempre para nada temer quando chegar a minha hora. Tenho certeza que serei amparado pela minha fé, que é inabalável. O meu raciocínio é simples, existem milhões de situações inexplicáveis, e existe uma força divina superior a nosso alcance. Somos um microcosmo neste vasto universo que se estende por bilhões de anos-luz em distâncias inimagináveis. Tudo sem qualquer visão lógica perante nossa compreensão.
Fui criado na religião católica, sob a orientação de minha mãe, recebo sempre o conforto das palavras de Cristo e nada está fora do lugar. Tudo é compreensível sob a luz da Igreja, que me sustenta espiritualmente.
Tenho noção da minha fragilidade como ser humano e o resto é viver minha vida sem causar dano ao próximo. Paro por aqui, respeitando suas convicções e opções feitas. Seu direito de escolha e de pensamento.
Vou para a paixão diária do futebol. Qual o esporte onde uma equipe fraca pode vencer uma forte? E mais, qual o esporte onde uma equipe fraca, jogando mal, pode vencer uma equipe forte, jogando bem? Só o futebol. É por isso minha paixão imutável e obstinada. A lógica é ilógica. A surpresa inimaginável. O inusitado no minuto final. O impossível que se materializa e acontece. Só no futebol, duas regras que adotei na vida: se jogar o Fluminense contra a Seleção Brasileira, sou Fluminense. Serei enterrado com duas bandeiras, as duas do Fluminense. Uma vai fora cobrindo o caixão e a outra vai dentro, comigo. Só dispenso o resto.
Nunca fiquei triste com o Fluminense, com o Brasil estou muito, muito triste. Então, professor Arthur de Castro, minha mente é o que vivi e pensei. Jamais vou tentar mudar alguém, principalmente porque as pessoas não mudam, se fazem.