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Carlos Nasser

Final azul

Hoje a cor amarela não estará em Berlim, os azuis disputarão a final do mundial. A Azzura, como se chamam os italianos, e os Blue como se chamam os franceses. Ou Canavarro e Buffon contra Zidane e Henry. Futebol tem sua própria linguagem.

Por que estamos de fora, se os nossos jogadores são individualmente melhores? Para tentar responder, inicio com uma pergunta que fiz ao grande zagueiro italiano Facheti, que enfrentou Pelé e hoje é o presidente da Internacionale de Milão. Técnico ajuda ou atrapalha?

Resposta: "Às vezes ajuda, na maioria atrapalha". Zagalo e Carlos Alberto, responderam por aí, ambos jogaram e treinaram times importantes. O nosso atrapalhou e muito. Não poderia violentar a característica básica dos nossos jogadores dentro de uma concepção pessoal de posições em campo. Deu mais valor ao seu esquema pueril do que a individualidade dos craques.

Exemplo mais gritante, o melhor atacante do mundo (duas vezes) Ronaldinho Gaúcho virou armador, saindo de perto da área para jogarem Ronaldo e Adriano, sendo que ambos têm a mesma característica e ocupam o mesmo espaço na grande área. Ninguém no meio-de-campo dava ritmo de jogo, nem os laterais tinham poder ofensivo e ainda defendiam mal. Sobrecarregando os volantes e os zagueiros, que tiveram atuação brilhante.

Quem não viu que Zidane tinha liberdade demais em dez minutos de jogo não pode treinar a Portuguesa Santista. Outro exemplo básico, Ronaldo estava com 90 kilos e sem jogar há dois meses. Não tinha mobilidade nem arranque para enfrentar a muralha que a França armou na entrada da área até o meio-de-campo, congestionando espaços e empurrando o Brasil para trás. Quem não viu isso em 20 minutos de jogo não pode treinar o Madureira do Rio de Janeiro. E o Parreira disse que fez tudo certo, sem nenhum pingo de autocrítica sequer. Diz que tem 40 anos de futebol e sabe fazer. Feola foi campeão do mundo porque não atrapalhava o time em 58. Lula (não confundir com o presidente) foi supercampeão com o Santos porque também não atrapalhava o time de Pelé, Zito, Mauro e Coutinho. Já Didi foi um gênio em campo e como treinador do Peru e do River Plate, onde foi campeão argentino.

O grande Tim (Elba de Pádua Lima) foi campeão com times modestos por ser o maior estrategista que o Brasil já teve em todos os tempos. Estes ajudavam, como Luxemburgo ajuda hoje. E o Felipão é o maior exemplo de sucesso absoluto na colocação dos jogadores em funções certas. Fez isso no Brasil e agora em Portugal. Saber distinguir os jogadores é primordial.

O mestre Russo junto com João Saldanha montaram a maior máquina de futebol de todos os tempos, a seleção de 70, contrariando toda a crônica brasileira, onde o ataque só tinha vários números 10. Pelé, Tostão e Rivelino, só o Jairzinho era ponta mas jogava também pelo meio. "Craque se entende", dizia Russo para o João que concordou. Quiseram comparar a seleção de hoje com a de 70, nada a ver, naquela o Parreira era ajudante do preparador físico Cláudio Coutinho. Nesta era o técnico. Só por aí, já perdia, imagine os três camisas10 e com o Gerson no meio como maestro. Futebol é bom porque quando o jogo termina tem um placar que mostra sempre o resultado final.

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