Já escrevi e insisto (Nelson Rodrigues dizia, repita até a exaustão) que não se dá a mão a quem está comendo. Primeiro, interrompe-se a refeição e, segundo, é anti-higiênico. Cumprimente verbalmente: Olá, como está? Tudo bem? E basta.

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No verão, obrigam-me a lavar as mãos várias vezes ao dia. Fora os dois banhos que tomo. Estive na Argentina duas vezes, ano passado. Banheiros tão limpos, eu só vi na Suíça. Tudo no maior asseio, desinfetados e brilhando. Outra coisa que faço questão é a limpeza dos banheiros de restaurantes. Por ali se conhece a cozinha. Todo restaurante que se preze tem de ter toalhas de papel e sabonete líquido. Nada de toalhas de pano, também são anti-higiênicas, além de desconfortáveis. Por que este tema? Gosto de escrever sobre o cotidiano, coisas que afetam nossas vidas diretamente. Esta semana fui ao Via Blu, excelente pizzaria do Batel. O melhor ambiente de Curitiba, me senti em Florença ou Milão. As paredes de cor típica italiana, combinando com a decoração que parte de um pé-direito altíssimo e, só lá no fundo, o forno em pedras cinzas, dão o toque rústico na casa elegante e de fino gosto.

Duas coisas me chamaram atenção: o bar agradável para se tomar um vinho prosseco gelado e o piano com um artista no comando, conhecido de longa data, Moscos Sivo, um grego brasileiro que conhece de Sinatra a Jobim. Como sempre "As time goes by" me acompanhou quando entrei na casa. A música da minha vida. Meu amigo Poty descreveu a cena histórica de Casa Blanca entre Humphrey Bogard e Ingrid Bergman no mais famoso bar do mundo e o pianista Sam, que dedilhou a canção final do romance cult de Hollywood. Não se fazem mais filmes de amor como antigamente. Hoje é ação, explosões e tiros mortais que respingam violência na platéia.

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Além de tudo que citei, os banheiros do Via Blu são excelentes do nível exigido pelo professor Bento Garcia, freqüentador do Lê Bernardin, o número um de Nova Iorque, onde está Michel Couvrex, o melhor sommelier da América. Este é o mais fino e glamuroso restaurante de Manhattan. Se tiver oportunidade e alguns dólares no bolso, aproveite a vida comendo bem e bebendo melhor. Dinheiro é para viajar, conhecer o mundo e ser livre.

Se ganhar na mega-sena ficarei no triângulo Paris, Nova Iorque e Roma, algumas vezes em Londres. Volto quando o Lula passar a faixa para o Geraldo Alckmin. Levo junto o professor Arthur de Castro, meu conselheiro de plantão. Não diga que é um sonho, não tire a esperança de ninguém, pode ser que seja a última coisa que possui. Os vinhos escolherei pelo livro de bolso do Hugh Johnson’s, o grande mestre dos especialistas e os pratos maravilhosos que degustar descreverei aos domingos na Gazeta. Obrigado, sei que estão torcendo por mim.